Parte do PMDB corteja Serra para um voo solo

 

Em meio à crise do governo Dilma Rousseff, partidos da base aliada já começam a articular candidaturas próprias ao Palácio do Planalto em 2018. O senador José Serra (PSDB-SP) é cortejado por parte do PMDB, com quem tem jogado afinado no Senado, e o PDT abriu conversa com Ciro Gomes (PROS).

JORGE WILLIAM/30-6-2015Cortejado. O tucano José Serra atrai o PMDB, que busca nome para 2018

Com o fim da aliança com o PT já decretada por líderes como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o PMDB está de olho em Serra pelo alto índice de conhecimento nacional dele depois de ter disputado duas eleições presidenciais, em 2002 e 2010. O partido aposta na disputa interna no PSDB, que tem mais dois précandidatos, o senador Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

As conversas têm sido conduzidas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), que tem dado destaque a Serra na Casa, encampando projetos propostos pelo tucano. Renan tem chamado Serra para presidir grupos de trabalho, como o do “pacto nacional pela defesa do emprego”.

Serra nega a existência de negociações com o PMDB e diz, em conversas reservadas, que ainda é cedo para discutir 2018. O tucano tem dito que o segundo mandato de Dilma está ainda no começo e que a divulgação desse assunto atrapalha seu trabalho legislativo. No relato de pessoas próximas ao senador, ele não vai tomar qualquer decisão em meio às incertezas sobre o governo Dilma.

PDT SE REAPROXIMA DOS GOMES

Em outra frente, o presidente do PDT, Carlos Lupi, conversou esta semana com os irmãos Ciro e Cid Gomes (PROS). Ele já havia se reunido recentemente com o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que faz parte do mesmo grupo político.

Lupi afirmou que o PDT pretende ter candidato próprio à Presidência em 2018, mas negou que a negociação com Ciro passe por esse ponto:

— Primeiro vamos discutir o projeto, depois, o nome. Pode ser o (senador) Cristovam Buarque (PDT-DF).

Questionado se Ciro seria um nome para a Presidência, porém, pelo PDT, Lupi diz que sim: — Não tem veto a ninguém. O movimento no PMDB em torno de filiações não se resume a Serra. Os peemedebistas do Senado estão às turras com o vice-presidente da República, Michel Temer, que é o presidente do partido, por causa da senadora Marta Suplicy (sem partido-SP), que deixou o PT. O PMDB do Senado quer filiar Marta para lançá-la à prefeitura de São Paulo, mas Temer insiste na aliança com o PT para a reeleição do prefeito Fernando Haddad (PT) com o peemedebista Gabriel Chalita de vice.

Marta pretende se filiar ao PSB e tem dito que o PMDB “fechou as portas” para ela quando aderiu à gestão de Haddad.

 

À espera da Rede, Marina evita falar em candidatura

 

 Depois de ter protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as assinaturas para sua criação, mas ainda à espera do registro, a Rede Sustentabilidade faz um encontro nacional, neste final de semana, em Brasília, dividida entre o pragmatismo eleitoral e sua estruturação teórica. O principal nó do novo partido da exsenadora Marina Silva ( PSB) está na postura dela mesma, que não admite, por enquanto, ser candidata novamente à Presidência em 2018.

— O foco dessa reunião tem que ser o day after (dia seguinte) da entrega das assinaturas. Temos que discutir as eleições municipais, e Marina tem que ser candidata (em 2018). Ela é que nem o Lula, é maior do que o partido. Ela não admite discutir esse assunto, mas não pode me proibir de falar. Ela não quer parecer que está perseguindo isso, quer mostrar dedicação exclusiva à formação da Rede — disse o deputado Miro Teixeira (PROS-RJ), que se diz “fixado” na Rede e pretende deixar o PROS assim que sair o registro do novo partido.

Próximo de Marina, João Paulo Capobianco, integrante do “elo nacional” da Rede, o correspondente a um diretório nacional, discorda de Miro:

— A posição da Marina é muito clara, ela quer fortalecer o processo. A Rede não está sendo construída para que ela seja candidata. Ela é a principal liderança da Rede, mas não pode e não quer ser a única.

A expectativa dos marineiros é obter o registro da Rede no segundo semestre. O partido tem discutido formas de financiamento e há propostas como proibir o acesso ao fundo partidário, aceitando apenas doações de pessoas físicas.

Material divulgado na semana passada, pelas redes sociais, apresenta a Rede como “um partido sem donos que surge para ampliar a participação da sociedade na política”. Um desenho em quadrinhos mostra um homem dizendo que quer ser dono do partido em sua cidade, representando um político tradicional. Em uma cena ao lado, um grupo de jovens diz querer ajudar a construir a Rede de “um jeito horizontal e transparente”.

— Não tem nova política coisa nenhuma, tem a política como deveria ser — disse Miro.

Se obtiver o registro, a Rede não terá direito a tempo de TV e a fundo partidário, por causa da lei sancionada pela presidente Dilma em 2013 que inibe a criação de novos partidos. Pela regra, novas siglas só terão acesso aos recursos após a primeira eleição.