Janot envia ao STF pedido para arquivar inquérito contra Anastasia

 

O procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, enviou ontem ao Supremo (STF) pedido de arquivamento do inquérito contra o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Para Janot, não há elementos mínimos para justificar a continuidade da investigação. Caberá ao relator da Lava-Jato no tribunal, ministro Teori Zavascki, formalizar o arquivamento.

No dia 16, a defesa de Anastasia pediu o trancamento das investigações. Os advogados desqualificaram o depoimento do ex-policial Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca, que entregava dinheiro a diversos políticos por ordem do doleiro Alberto Youssef. O ex-policial disse, em depoimento, que entregou R$ 1 milhão em 2010 a uma pessoa parecida com Anastasia. Youssef negou que tenha pedido a Careca para entregar qualquer quantia ao tucano.

— O arquivamento era a única solução que nós esperávamos. Na verdade, o nosso desejo era que fosse esclarecido a quem esse rapaz Careca teria entregue esses valores, se é que entregou. O depoimento do Alberto Youssef foi muito categórico dizendo que o dinheiro não foi entregue ao senador. Isso é suficiente para o arquivamento, por falta de indício de verdade daquilo que o Careca disse — afirmou Maurício Oliveira Campos, advogado de Anastasia.

Tramitam hoje no STF 25 inquéritos contra políticos acusados de participar do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. As investigações em estágio mais adiantado são contra o senador Fernando Collor (PTB-AL) e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Janot já apresentou denúncia contra ambos.

1º RÉU DO NÚCLEO POLÍTICO

Ontem, o Ministério Público Federal pediu a condenação do expresidente da Câmara dos Deputados André Vargas (ex-PT e PR) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Vargas é acusado de receber propina desviada de contratos de publicidade assinados pelo Ministério da Saúde e pela Caixa Econômica Federal. Os procuradores afirmaram que ele comandava o esquema criminoso.

Segundo a PF, empresas ligadas a Vargas recebiam repasses de recursos que saíam da Caixa e do ministério por meio da uma agência de publicidade que tinha como diretor Ricardo Hoffmann, que teve a condenação pedida por corrupção ativa e organização criminosa. Entre 2010 e 2014, a agência teve contratos com o governo federal e Hoffmann repassou comissões para empresas fantasmas de Vargas e seu irmão Leon Vargas, que teve a condenação pedida. André Vargas é o 1º réu ligado ao núcleo político a ter o pedido de condenação.