Investigado, Collor contesta recondução de Janot

 

Investigado na Operação Lava-Jato, o líder do PTB no Senado, Fernando Collor (AL), apresentou na Comissão de Constituição de Justiça do Senado (CCJ), voto contra a recondução de Rodrigo Janot como procurador-geral da República. Collor questionou o parecer favorável apresentado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). A sabatina de Janot na CCJ ocorrerá no dia 26 e sua indicação deverá ser votada no mesmo dia tanto na comissão como no plenário da Casa. A tendência é que o Senado aprove a recondução de Janot.

ANDRÉ COELHOCollor. Alvo da Lava-Jato, senador tem atacado Janot

Collor disse que não queria criticar o parecer de Ferraço e sim apresentar novas informações sobre o “vetusto (respeitável) procurador” e a “simpática Procuradoria Geral da República”. Ferraço estranhou a atitude de Collor, mas o presidente da CCJ, senador José Maranhão (PMDB-PB), disse ser normal a discussão.

— A minha solicitação (é) juntar ao processado essas novas informações que estou trazendo para que as senhoras e os senhores senadores façam o seu correto juízo de valor sobre a personalidade do vetusto indicado senhor Rodrigo Janot — disse Collor.

Collor tem feito discursos atacando Janot e a Lava-Jato, inclusive com xingamentos. Em seu voto, apontou informações que poderiam “comprometer a comprovação da idoneidade do indicado, ainda mais para o cargo de Procurador-Geral da República”. E lista quatro petições apresentadas por ele contra Janot, acusando-o de “abuso de poder”, “autopromoção”, “desperdício de dinheiro” e “improbidade administrativa”.

 

Renan garante ‘grandeza e isenção’ na sabatina

 Apesar do voto contrário do senador Fernando Collor, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que atuará com “grandeza e isenção” na votação da recondução de Rodrigo Janot como procuradorgeral da República.

Ele disse que a sabatina e a votação serão mesmo no dia 26 e não quis comentar o voto em separado de Collor.

— Vou demonstrar completa isenção, grandeza como presidente do Senado. Vamos fazer a sabatina na quarta e vou conversar com os líderes para que votemos no mesmo dia. Isso para que, definitivamente, o Senado possa demonstrar que não vai permitir o amesquinhamento dessa apreciação — disse Renan, que também está na lista dos investigados na operação Lava-Jato.

Na última segunda-feira, Janot se reuniu com o presidente do Senado. Renan garantiu que eles não falaram de LavaJato. Segundo auxiliares, Janot teria decidido apresentar denúncias contra políticos antes da sabatina no Senado justamente para não ser acusado de ter esperado o aval ou a recusa dos senadores para acusar parlamentares de crimes.

CASO DIRCEU: MAIS PRAZO À PF

O juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato, decidiu prorrogar por mais 15 dias o prazo para a Polícia Federal concluir o inquérito policial contra o exministro José Dirceu, seu irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva e a empresa JD Assessoria e Consultoria Ltda.

O prazo para a conclusão do inquérito policial venceu na segunda- feira, mas a PF pediu mais tempo para terminar as investigações, alegando acúmulo de trabalho e a “imprescindibilidade de conclusão dos exames periciais” e dos relatórios de análise da documentação apreendida no dia em que o Dirceu foi preso, 3 de agosto.

No despacho em que decidiu prorrogar a conclusão do inquérito, Moro diz que já há provas do envolvimento dos investigados na prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.