S&P retira da petrobras o grau de investimento

 

Antonio Pita / André Magnabosco

O Estado de São Paulo, n. 44523, 11/09/2015. Economia, p. B3

 

Na esteira do rebaixamento do Brasil, a Standard & Poor’s (S&P) revisou nesta quinta-feira, 10, a avaliação de risco da Petrobrás para ‘grau especulativo’. Na escala da agência, a estatal caiu dois níveis e perdeu o selo de ‘bom pagador’. É a segunda vez que a petroleira é rebaixada em 2015, o que deve limitar sua capacidade de captação e dificultar a execução de seu plano de negócios.

Isso significa que a agência já não considera a estatal uma boa pagadora de seus débitos, o que complica ainda mais a situação da companhia, que é a petroleira mais endividada do mundo. Sem o grau de investimento, o acesso a novos financiamentos fica mais difícil e a empresa pode ter de pagar juros maiores que os que conseguia até agora.

O rating da Petrobrás foi rebaixado de BBB- para BB, em escala global. A perspectiva dos ratings é negativa. De acordo com a nota da agência, a perspectiva negativa reflete a perspectiva do rating soberano do País. Segundo a S&P, a companhia foi rebaixada porque a empresa tem forte ligação com o rating soberano do Brasil.

Em nota, a Petrobrás disse que já garantiu o financiamento dos seus projetos no médio prazo com recursos captados ao longo do ano. A estatal informou também que pretende cortar US$ 12 bilhões em gastos operacionais até 2019. “A companhia esclarece, ainda, que seus financiamentos não possuem cláusulas atreladas ao rating das agências classificadoras de risco. Ou seja, a reclassificação não provocará alterações nos contratos vigentes”.

A agência Moody’s já havia retirado o grau de investimento da Petrobrás em fevereiro, quando rebaixou o rating de crédito corporativo da estatal de Baa3 para Ba2, além de cortar todas as outras notas da empresa. 

Segundo a agência, o rebaixamento refletiu uma maior preocupação com as investigações de corrupção que vêm sendo feitas dentro da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A agência também citou na época que a Petrobrás terá dificuldade em reduzir significativamente sua elevada dívida nos próximos anos. 

Outras empresas. Segundo nota da S&P, 31 entidades brasileiras tiveram o rating rebaixado. Ao mesmo tempo, a agência afirmou os ratings e manteve a perspectiva estável de seis entidades. Além disso, os ratings e a perspectivas negativa de três entidades foram mantidas. Ainda, 14 entidades tiveram a perspectiva alterada para negativa. 

"Nós continuaremos a monitorar as condições econômicas para incorporar ainda mais impactos em potencial sobre os ratings dessas empresas", divulgou a S&P. 

Entre as empresas que perderam o grau de investimento, estão a Eletrobras e subsidiárias, Comgás, Itaipu Binacional, Ecorodovias, Ecovias, Autoban e CCR. Já as empresas Globo, AmBev, Ultrapar, Multiplan e Votorantim tiveram os ratings rebaixados em um nível. A agência também colocou os ratings da Braskem, Klabin e Odebrecht em observação para possível rebaixamento.

A S&P anunciou ainda o rebaixamento dos ratings de crédito em escala global de 13 bancos brasileiros e os ratings em escala nacional de 20 instituições financeiras do País. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil perderam o grau de investimento.