Título: A guerra não acabou
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Fonte: Correio Braziliense, 09/09/2011, Mundo, p. 14

Às vésperas do 10º aniversário dos atentados, Obama diz que a Al-Qaeda "fracassou", mas adverte o país a não baixar a guarda. Serviços de inteligência investigam "ameaça real" de um novo ataque em solo americano

A três dias de se completarem 10 anos dos atentados de 11 de setembro, as autoridades de inteligência e segurança dos Estados Unidos estudavam ontem a opção de elevar o alerta antiterrorista. No início da noite, as emissoras de tevê Fox News e NBC informaram que o presidente Barack Obama tinha sido notificado sobre a "ameaça real" de um novo ataque da rede Al-Qaeda em solo americano, antes mesmo de domingo, possivelmente contra Washington ou Nova York ¿ os alvos do terror em 2001.

Em artigo publicado no site do jornal USA Today, Obama afirma que Osama bin Laden e seus herdeiros "fracassaram" na tentativa de aterrrorizar os Estados Unidos. O presidente, no entanto, adverte que a guerra contra a Al-Qaeda continua, mesmo após a execução de seu líder, em maio passado. "Os autores desses atentados queriam nos aterrorizar, mas não conseguiram", escreveu Obama, para depois advertir que o país não pode baixar a guarda. "Apesar de se ter feito justiça com Osama bin Laden, e de a Al-Qaeda estar sendo derrotada, jamais devemos parar na tarefa de proteger o país."

O tom confiante de Obama não é totalmente compartilhado pelos cidadãos, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Quinnipiac. No levantamento, 36% dos entrevistados se disseram "muito" ou "bastante" preocupados com a possibilidade de se repetirem atos terroristas nos EUA nos próximos meses. Em Nova York e Washington, as duas cidades que viveram a tragédia, esse temor aflige quase 60% dos moradores.

A revista Rutgers Law disponibilizou ontem na internet quase a totalidade das conversas que envolveram os aviões de passageiros sequestrados por terroristas em 2001. Pela primeira vez, foi possível escutar ¿ minuto a minuto ¿ os diálogos entre torres de controle, tripulações e autoridades militares durante os incidentes que envolveram as aeronaves que atingiram as Torres Gêmeas e o Pentágono, além daquele que caiu em um descampado na Pensilvânia, depois que passageiros teriam tentado dominar os sequestradores.

O site da Rutgers Law (www.rutgerslawreview.com/2011/a-new-type-of-war) permite ler e ouvir um conjunto de documentos preparados pela comissão que investigou os ataques de 2001. Parte dessa troca de palavras havia sido apresentada anteriormente em audiências públicas, e alguns trechos curtos de áudio tinham sido distribuídos pela web.

De acordo com o jornal The New York Times, as conversações estão disponíveis para o público quase na íntegra. A exceção, segundo o Times, são os últimos 30 minutos das gravações relativas ao voo 93 da United Air Lines. Familiares das vítimas que morreram na queda desse avião, na Pensilvânia, pediram que essas passagens não fossem abertas.