Valor econômico, v. 16, n. 3930, 26/01/2015. Empresas, p. B2

Eletrobras deve receber R$ 7 bi em capitalização

Por Rafael Bitencourt | De Brasília

A capitalização que deve ocorrer este ano na Eletrobras pode alcançar R$ 7 bilhões. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, explicou ontem que o valor foi acertado com a equipe econômica do governo quando foi definida a cobrança do bônus de outorga no leilão das usinas antigas.

O valor informado pelo ministro é exatamente à necessidade indicada pela Eletrobras para sanear as contas das seis distribuidoras deficitárias que serão privatizadas: Cepisa, Ceal, Eletroacre, Ceron, Boa Vista Energia e Amazonas Distribuidora de Energia. O montante foi divulgado na sexta-feira em resposta ao pedido de esclarecimento feito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Até a fala de ontem do ministro, circulava a informação de que capitalização da Eletrobras seria de R$ 5,950 bilhões. Este valor surgiu no informativo aprovado, em dezembro, pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional.

A negociação com a equipe econômica foi mencionada pelo ministro porque o leilão gerou a arrecadação de R$ 17 bilhões. O certame, realizado em 25 de novembro, negociou a venda de 29 hidrelétricas com concessão vencida.

"Ficou acertado com a Fazenda que R$ 10 bilhões seriam destinados ao Tesouro e outros R$ 7 bilhões viriam para Eletrobras. Do total, R$ 1 bilhão virá da própria participação no OGU, o Orçamento Geral da União, e R$ 6 bilhões da segunda parcela [de arrecadação no leilão] que vai ser paga lá para junho. Estamos construindo com a Fazenda como será feito", afirmou Braga após audiência com a presidente Dilma Rousseff.

Ontem, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, classificou a injeção bilionária de recursos como "importante" para a companhia. O executivo evitou fazer previsões mais precisas sobre o início da privatização. "O prazo para um processo desse é um ano, mais ou menos, mas pode ser um pouco menos porque já entrou no programa de desestatização", disse ao chegar para reunião no Ministério de Minas e Energia.

O governo adotou uma estratégia no fim do ano passado para não comprometer a aposta na privatização dos ativos de distribuição da Eletrobras. Em dezembro, foi publicada a Medida Provisória 706/2015 que estendeu o prazo de assinatura da prorrogação dos contratos de concessão. "A medida provisória deu o prazo de 210 dias para que a gente possa estabelecer juridicamente qual será o melhor caminho", afirmou Braga.