Título: Sem câmpus, com vestibular
Autor: Tolentino, Lucas
Fonte: Correio Braziliense, 16/09/2011, Cidades, p. 27

Conselho de professores da UnB de Ceilândia defende a suspensão do processo seletivo até que seja entregue a estrutura. Mas a reitoria divulgou ontem o edital para a disputa por vagas na universidade brasiliense para 2012. A cidade terá 130 novos alunos

A precariedade da Universidade de Brasília (UnB) em Ceilândia levou o conselho de educadores da instituição a se declarar favorável à suspensão do vestibular e da oferta de novos cursos, caso o câmpus definitivo não esteja pronto até o início do próximo semestre letivo. Apesar de deliberada por unanimidade, a decisão não tem efeito executivo. O impedimento da entrada de novos alunos depende de aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que só se reúne na próxima semana. Mas a reitoria informou ontem à noite que não há qualquer possibilidade de suspensão da concorrência pública. Prova disso é que o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) da UnB divulgou o edital para o vestibular de 2012, incluindo vagas para Ceilândia.

Assim, a instituição de ensino superior terá 2.902 vagas na primeira seleção de 2012. Do total, 1.671 são destinadas ao sistema universal e 421 às cotas para negros. A previsão é de que as provas sejam realizadas em 10 e 11 de dezembro. São 1.737 vagas no câmpus Darcy Ribeiro (Plano Piloto), 130 em Ceilândia, 140 no Gama e 85 em Planaltina. As inscrições começam em 26 de setembro e seguem até 16 de outubro. Mais informações em www.cespe.unb.br/vestibular/1vest2012.

Enquanto isso ¿ e como forma de pressão por melhorias ¿, os estudantes de Ceilândia ocupam o prédio da reitoria da UnB desde a última terça-feira. Continuavam no local até o início da noite de ontem. Desde o dia da ocupação, não há aulas em Ceilândia. "Queremos garantias legais de que as reivindicações do movimento serão atendidas", explicou a estudante de saúde coletiva Juliane Alves, 21 anos. Além disso, segundo ela, os manifestantes pedem que não haja punições por conta do ato de ocupação ¿ houve tumulto e uma porta de madeira acabou quebrada.

A demora na conclusão do câmpus de Ceilândia motivou o movimento. O prazo de entrega era 2009, mas foi adiado 10 vezes. Até hoje, a maioria dos alunos estuda na base do improviso, em uma escola pública de Ceilândia. A direção da UnB se comprometeu a entregar um dos prédios em dezembro, enquanto a Secretaria de Obras ficou responsável por concluir o outro até março de 2012, quando começa o próximo semestre letivo.

Para que o vestibular em Ceilândia fosse suspenso, a questão precisaria passar pelo crivo de instâncias maiores da universidade, como o Cepe e o Conselho Universitário (Consuni). "Não há razões para a suspensão do vestibular. A ampliação de vagas não está sendo trabalhada. Mas existe uma expectativa da comunidade", afirmou o decano de Administração da UnB, Eduardo Raupp.