Correio braziliense, n. 19.224, 13/01/2016. Política, p. 4

A cobiça no PMDB

CRISE » Eleição para a liderança da bancada na Câmara terá pelo menos dois candidatos
Por: Marcella Fernandes

 

A disputa pela liderança do PMDB na Câmara, prevista para fevereiro, terá pelo menos duas candidaturas. A eleição será secreta e acontecerá em 3 ou 17 de fevereiro. Esses pontos foram acordados em reunião na tarde de ontem do atual líder, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), com seus possíveis concorrentes, os deputados Leonardo Quintão e Newton Cardoso Júnior, ambos da bancada de Minas. Também participaram do encontro peemedebistas governistas e oposicionistas.

Apesar de não fecharem números sobre as oito vagas da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff, foi definido também que o líder vai respeitar, nas indicações, as tendências divergentes. Defensor do afastamento da petista, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) disse que o assunto não é prioridade. “Impeachment fica para outro tempo. Agora é juntar a bancada. O Brasil precisa da posição da bancada sobre projetos que estão aí (em tramitação) ou que vão entrar. Então, precisa da maior unidade possível, respeitando as divergências”, disse.

Como o registro de chapa será feito até 25 de janeiro, Picciani se reúne nas próximas semanas com outros peemedebistas a fim de definir o número de votos necessários no caso de recondução. Ele defende maioria simples (metade mais um) enquanto oposicionistas pedem dois terços, com base em acordo feito na eleição do carioca, no início de 2015. “Líder é a expressão da maioria e não de dois terços. É o que prevê o regimento da Casa”, argumenta o carica. Também não há unanimidade sobre o voto de titulares. O PMDB pró-impeachment defende a participação de parlamentares que não estejam no exercício do mandato, como ministros, sem a necessidade de licenciamento do cargo.

Picciani disse ter mais do que os 36 votos apresentados na lista que garantiu sua volta à liderança em dezembro, após o cargo ser ocupado por Quintão. Para ele, o tom da disputa agora poderá influenciar a definição da presidência do PMDB, a ser decidida na convenção da legenda em março. “Se tiver uma disputa acirrada pela liderança, acredito que haverá uma disputa acirrada pela presidência do partido”, disse. O atual presidente da sigla e vice-presidente da República, Michel Temer, luta para se manter no cargo, mas o carioca já sinalizou ser a favor do Presidente do SenadoRenan Calheiros.

Quintão garantiu que vai apresentar seu nome como líder, ainda que o partido assuma a Secretaria de Aviação Civil (SAC). Tanto Newton quanto o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) foram sondados para o cargo a fim de desmobilizar os mineiros. Quintão criticou a interferência governista, mas acredita que os movimentos não terão efeito prático. “O Planalto interferir na eleição dificulta a relação com o partido, mas o voto secreto traz muita liberdade para os parlamentares tomarem sua posição e não serem intimidados por pressões governamentais”, disse. Picciani nega a que a oferta da SAC possa beneficiá-lo.

A bancada mineira se reúne na próxima segunda-feira com o presidente da executiva estadual, Antônio Andrade, para tentar definir um candidato. Newton Cardoso afirmou que aguarda o encontro para tomar uma posição. “Vou lançar a candidatura se for o único da bancada de Minas Gerais”, disse. Sondado pelo Planalto para comandar a SAC em dezembro, ele disse não ter aceito o convite porque o momento não era oportuno. Este é seu primeiro mandato na Câmara.

 

Frase

“Impeachment fica para outro tempo. Agora é juntar a bancada.”

Darcísio Perondi, deputado

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Mauro Lopes deve assumir SAC

Por: Naira Trindade

Com o aval do vice-presidente da República, Michel Temer, o deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG) afirmou que aceitará o cargo de ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), caso o convite seja formalizado pela presidente Dilma Rousseff. Lopes esclareceu ontem que foi sondado pelo ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, ainda no fim do ano passado, para ocupar a pasta, mas que, devido ao recesso, o assunto demorou a avançar. “Houve uma sondagem, perguntei ao Michel e ele falou, Mauro, terá todo o meu apoio”, descreveu. “Ele é o vice e, sendo a vontade da presidente Dilma, ele apoia totalmente”, completou o deputado.

Mauro esteve reunido por mais de duas horas com o vice-presidente no Palácio do Planalto, onde também traçaram as estratégias e novas diretrizes para unificar e fortalecer o partido nos estados. O plano é reeleger toda a executiva em sua atual composição: Temer é presidente e Mauro Lopes é o secretário. O deputado alega que ambos redigiram juntos uma carta a ser divulgada amanhã sobre o roteiro do vice-presidente pelos estados. Segundo Mauro, a equipe planeja visitar todas as unidades da federação. O ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha também participou da reunião de ontem, mas não falou com a imprensa.

Na saída da reunião, o deputado desconsiderou a possibilidade de o PMDB abandonar o governo. “Eu sou governo, nós somos governo. E temos que ajudar a governar este país”, afirmou. “O PMDB não sai do governo, eu posso adiantar. Porque nós temos responsabilidade com o país, porque nós trabalhamos ativamente na eleição da presidente Dilma. Minas Gerais derrotou Aécio, derrotamos Pimenta da Veiga e elegemos Pimentel em primeiro turno. Então, a responsabilidade do PMDB com o governo é muito grande. Para mim e para o Michel não tem esse negócio de abandonar o governo. Vamos governar até 2018”.

Ao deixar o Planalto, ontem, Temer reforçou as informações repassadas pelo deputado. “Estou confirmando tudo o que Mauro já disse”, resumiu.

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