Título: Pedidos por nomeações se acumulam
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 09/10/2011, Política, p. 8

Dilma Rousseff voltará ao Planalto amanhã e encontrará uma lista de reivindicações sobre a mesa. Aliados miram as agências e os bancos

De nada adiantou a presidente Dilma Rousseff ter feito chegar aos aliados a intenção de não mexer na equipe antes do início de janeiro ¿ prazo que estipulou para a troca de comando nos órgãos públicos dos titulares interessados em concorrer às eleições municipais. Quando ela chegar ao Planalto, na segunda-feira, depois de uma semana fora do país, receberá uma pilha de reivindicações. O PTB começou a se movimentar em busca de um ministério. No PP, a crise em torno do Ministério das Cidades se agrava. No PDT, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, passa por ataques dentro e fora do partido. E, para completar, o PMDB voltou a pressionar por mais espaço no segundo escalão (leia quadro nesta página). O total de postos disponíveis chega a 300.

No caso do Ministério do Trabalho, o governo optou por esvaziar as atribuições. Hoje, por exemplo, nenhuma central sindical procura Lupi para negociar qualquer projeto. Todas, sem exceção, preferem procurar o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que tem feito o papel de ponte entre as instituições e a presidente Dilma.

O ministério perdeu ainda o Pró-jovem, o programa de qualificação para promoção dessa faixa da população ao mercado de trabalho. O programa hoje está mais voltado aos ministérios do Desenvolvimento Social e da Educação do que ao do Trabalho. Ali, sobrou mesmo a emissão de carteira de trabalho e o seguro-desemprego, comentam os pedetistas.

Para o PTB, que hoje não tem ministério, o Trabalho cairia como uma luva. O partido hoje não desfruta de um lugar no primeiro escalão porque ficou oficialmente com José Serra na campanha presidencial. Mas a bancada apoia Dilma e essa semana parte dos petebistas fez chegar ao Planalto seu desejo de passar a integrar a primeiro escalão. O assunto será tratado a partir desta semana, quando Dilma estará em Brasília.

Petróleo Na fila de cargos pendentes, está ainda a direção da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O mandato do atual diretor-geral, Haroldo Lima, do PCdoB, vence em novembro. Há 10 dias, quando estava em Nova York, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, comentou que iria discutir o assunto assim que a presidente voltasse a Brasília. O PMDB deseja emplacar um nome seu. Mas os comunistas querem continuar com o cargo. Dilma já avisou que, em relação às agências, é ela quem decide. No caso da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), ela aceitou indicações de Marcelo Bechara pelo PMDB e de João Rezende, ligado ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Por isso, o PMDB e o PCdoB se preparam para cobrar a mesma primazia em relação à ANP.

O PMDB não deseja apenas a ANP. Na semana passada, o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), fez de tudo para o partido emplacar uma das diretorias do Banco do Nordeste do Brasil e não conseguiu o cargo que desejava. Outra ala do partido buscava emplacar um nome na procuradoria do DNPM, sem o aval do diretor-geral, Sérgio Dâmaso, indicado pela bancada de Minas Gerais. Dilma, em relação a esses cargos, pediu aos partidos que cheguem a um acordo.

Os nomes da cobiça

Ministério do Trabalho Com a perspectiva de Carlos Lupi deixar o governo a qualquer momento pela saturação do seu poder de fogo no PDT e no governo, é atualmente um cargo que muitos buscam. Entre eles, o PTB, que recentemente fez chegar ao Planalto seu desejo de ocupar um lugar no primeiro escalão.

Ministério das Cidades Segue no PP o fogo amigo sobre o ministro Mário Negromonte.

Casa da Moeda Os petebistas hoje são tratados no governo como padrinhos do cargo. Mas, em conversas reservadas, dizem que foi "barriga de aluguel". Eles já ofereceram três outros nomes ao ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Susep Detentor do cargo, o PTB agora pressiona pela mudança das 25 regionais da Superintendência de Recursos Privados.

DNPM Depois de conquistar o comando do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o PMDB deseja ampliar seu poder de influência e pressiona pela troca de diretores.

ANP Em novembro, termina o mandato do ex-deputado Haroldo Lima no comando da Agência Nacional do Petróleo. O PCdoB trabalha para manter o posto com outro de seus integrantes. Há disputa com o PMDB.

BNB O Banco do Nordeste do Brasil quase provoca uma crise na base, semana passada. O PMDB da Câmara tenta conquistar diretorias no órgão, mas não consegue deslocar nenhum dos indicados pelo partido no Senado, tampouco os indicados pelo PT.