Valor econômico, v. 17, n. 4.008, 19/05/2016. Política, p. A7

Marcelo Calero é o novo secretário de Cultura

Por: Andrea Jubé / Bruno Peres

 

O presidente interino Michel Temer manteve ontem a fusão dos ministérios da Educação e Cultura e, após uma busca frustrada por um nome feminino, anunciou o diplomata Marcelo Calero no comando da recém-criada Secretaria Nacional de Cultura. Diante da primeira grande crise do governo interino, provocada pela extinção da pasta da Cultura, Temer foi a público explicar que atendeu ao "clamor popular" pela redução dos ministérios. Ele disse que encontrou um déficit milionário em contratos atrasados do ministério e prometeu elevar o orçamento da Cultura no próximo ano.

Por determinação de Temer, o ministro da Educação, Mendonça Filho, buscou nomes de mulheres para a Secretaria de Cultura, e recebeu recusas das duas sondadas por Marta Suplicy: Bruna Lombardi e Marília Gabriela. Temer aceitou, então, a indicação do atual secretário de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Calero, que é diplomata e advogado de formação, para o cargo. Mendonça Filho anunciou que a ex-secretária de Cultura do Rio de Janeiro Helena Severo aceitou convite para presidir a Fundação Biblioteca Nacional. "Não é o fato de ser ou não ministério que reduz a atividade da cultura no país", disse Temer, em áudio divulgado pela Secretaria de Imprensa da Presidência. "É exigência da redução do número de ministérios para racionalização dos serviços, foi fruto de uma pressão muito grande da sociedade".

"Quando trouxemos a Cultura para a área de Educação, não foi para reduzir a atividade cultural, ao contrário, haverá uma potencialização da cultura brasileira", ressaltou. Temer acrescentou que encontrou um déficit de R$ 230 milhões em relação a contratos atrasados, e que combinou com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que serão pagos.

Após inúmeras reuniões com o ministro da Educação e Cultura, Mendonça Filho, e com senadores que reivindicaram a recriação do Ministério da Cultura, Temer decidiu não recuar da reforma administrativa, que implicou a redução de 32 para 23 ministérios. O presidente interino resistiu à pressão, inclusive, do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). " O Minc não vai quebrar o Brasil, mas sua extinção sim, vai quebrar a nação", disse Renan. "Quando a gente erra, precisa errar rapidamente e consertar", disse.

Ontem, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Mendonça Filho se comprometeu a atuar para elevar o orçamento da Cultura. Disse que do ano passado para este ano, houve uma redução de mais de 25% no orçamento da Cultura, que neste ano será de R$ 2,6 bilhões, além dos restos a pagar de 2015 no valor de R$ 1,580 bilhão.

O novo secretário de Cultura, Marcelo Calero, disse que vai tentar solucionar as ocupações em prédios da Funarte em todo o país com diálogo. "O caminho é reforçar os canais de diálogo e a democracia". Sobre a aplicação da Lei Rouanet, Calero condenou a "satanização do instrumento", que é o principal financiador da Cultura.

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