Valor econômico, v. 17, n. 3997, 04/05/2016. Especial, p. A12

Aécio garante apoio no Legislativo

Por: Bruno Peres, Andrea Jubé e Raphael Di Cunto

 

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse ontem, após reunir-se com o vice-presidente Michel Temer que o partido não tem interesse neste momento em indicar nomes para uma gestão em caso de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Segundo o tucano, o interesse do partido é em apresentar princípios, valores e propostas para nortear uma gestão eseria "impensável e injustificável" o PSDB virar as costas para um governo Temer.

Raul Cutait: médico deve assumir Saúde, em nomeação articulada pelo presidente nacional do PP, que deve ficar com Agricultura e a presidência da Caixa

"Nós nos sentimos mais confo rtáveis em dar essa contribuição desta forma para que ele possa ter a liberdade, a absoluta liberdade, de montar um governo no nível das expectativas da sociedade brasileira", disse o senador, após reunião no Palácio do Jaburu, acompanhado das lideranças do PSDB no Congresso. "Nosso apoio congressual será absoluto, mas ele não precisa doponto do vista de ocupação de cargo se preocupar com o PSDB".

Aécio relatou ter afirmado a Temer a importância de causar uma boa primeira impressão "logo na largada", porque "o vice-presidente não tem tempo para errar", não apenas na composição do governo, mas também a partir das propostas que serão apresentadas ao país em caso de afastamento da presidente.

"Sabemos que existem amarras, que existem comprometimento partidários, mas é muito importante que nesse momento essa lógica se altere um pouco para que ele possa buscar os melhores dentro de partidos e fora de partidos também", disse.

Já o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), confirmou que caberá ao partido em meio às negociações de Temer o comando dos ministérios da Saúde e Agricultura além da presidência da Caixa. O médico Raul Cutait assumirá a Saúde, e o ex-ministro Gilberto Occhi, ligado ao partido, comandará a Caixa.

O senador foi questionado por jornalistas ao deixar encontro com o vice-presidente no Palácio do Planalto, mas evitou estender-se em comentários sobre as indicações do partido para os respectivos postos reivindicados. "Estamos escolhendo", disse o senador em rápida conversa. A Agricultura, por sua vez, tem como nome mais cotado o do deputado federal Ricardo Barros (PR).

Um desenho do futuro governo Michel Temer prevê o Ministério das Cidades com o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), do grupo de Aécio Neves, e o das Comunicações com o ex-ministro das Cidades Gilberto Kassab, que brigava para retomar o cargo na gestão do PMDB, mas já foi avisado que será preterido. Outro prevê a nomeção do ministro da Cidades pelo PMDB do Senado. A troca não agrada ao PSD.

Temer ainda não decidiu sobre quem será o ministro da Justiça. Seu sonho é convencer o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto. Vem depois na lista outros dois ex-ministros da Corte: Carlos Velloso e Cezar Peluso.

Por último nas preferências do vice está o secretário de Segurança Pública de São Paulo Alexandre de Moraes (PSDB), convidado para a Advocacia-Geral da União (AGU). A escolha de Moraes é defendida pelo governador Geraldo

Alckmin (PSDB) e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para quem advogou, mas ele não teria o perfil desejado. O PSDB indicará ainda o José Serra (SP) para o Ministério das Relações Exteriores.

A ideia do grupo de Temer é que o ex-ministro Hélder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), assuma Portos. O PR continuará a frente do Ministério dos Transportes, que terá a Aviação Civil anexada. A disputa no partido é para saber quem será o ministro: se o ex-líder da bancada, deputado Maurício Quintella (AL), que tem negociado diretamente com Temer, ou o ex-deputado Bernardo Santana (MG), mais alinhado a Valdemar da Costa Neto.

Foram designados ainda três ministérios para o grupo formado por PTB, Solidariedade e PSC: Desenvolvimento Social, sob o PSC; Desenvolvimento Agrário, com o deputado José Silva (SD-MG), e o Trabalho, para Ronaldo Nogueira (PTB-RS).

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