Delator vincula Temer a propinas na Trasnpetro 

16/06/2016 

ESQUEMA NA SUBSIDIÁRIA - Em delação homologada pelo Supremo, Sérgio Machado diz que o presidente em exercício solicitou a ele um repasse de R$ 1,5 milhão em 2012 para a campanha de Gabriel Chalita

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado vinculou em sua delação premiada o presidente em exercício Michel Temer a um esquema de propinas que, segundo ele, vigorou por cerca de dez anos na subsidiária de logística da Petrobrás.

Em colaboração de 246 páginas homologada no Supremo Tribunal Federal, Machado relatou ter feito um repasse a pedido do presidente em exercício– além de ter abastecido com recursos de propina ao menos outros 24 políticos de sete partidos (PMDB, PSDB, PT, PP, DEM, PSB, PC do B). Sobre Temer, disse que, em 2012, o presidente em exercício lhe pediu R$ 1,5 milhão para a campanha de Gabriel Chalita –na época no PMDB– à Prefeitura de São Paulo.

Nas investigações da Lava Jato, é a primeira vez que o presidente em exercício é associado diretamente à captação de recursos ilícitos.

A menção a Temer causou tensão no Planalto, que classificou de “absolutamente inverídica” a versão de Machado. Chalita disse que nunca pediu recursos para o ex-presidente da Transpetro.

Ao todo, o delator afirma ter pago R$ 100 milhões em propinas de 2004 a 2014.Odinheiro, segundo Machado, era pago por meio de um “fundo de propinas” administrado por ele. Ex-senador pelo PSDB do Ceará, o ex-presidente da Transpetro definiu em 60% a sua “taxa de sucesso” ao atender aos pedidos dos políticos. Ele citou também em sua delação nomes da cúpula da política nacional.

Disse que pagou durante quatro anos, até 2014,umaespéciede mensalão para peemedebistas, beneficiando o senador Edison Lobão (MA); o presidente do Congresso, Renan Calheiros (AL); o senador Romero Jucá (RR) e o ex-presidente José Sarney (MA).

Estes três últimos foram alvo de gravações feitas por Machado.

O ex-presidente da Transpetro afirmou ainda em sua colaboração que a eleição de Aécio Neves ( MG) para a presidência da Câmara em 2001 envolveu propina para 50 deputados e que o próprio Aécio teria recebido, na época, R$ 1milhão em espécie. O tucano e os peemedebistas rechaçaram as acusações.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 44802, 16/06/2016. Política, p.A4