Deputados reagem e cobram explicações

Igor Gadelha 

04/06/2016

 

 

Um dos principais articuladores do Centrão na Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO) classificou de ‘idiotice’ as declarações de Torquato Jardim

Líderes do chamado Centrão na Câmara dos Deputados reagiram ontem, 03, às declarações do novo ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim. Em entrevista concedida antes de assumir o cargo em Teresina (PI), o ministro afirmou que o Centrão foi montado “em nome da corrupção e da safadeza”.

“Prefiro ficar calado do que responder idiotice. Idiotice não se responde”, afirmou o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), um dos principais articuladores do Centrão. Para o parlamentar goiano, o novo ministro tem o dever de explicar sua declaração. “Temos certeza que fazemos política da melhor qualidade, centrada na responsabilidade ética e democrática.”

Para o líder do PSD na Câmara, deputado Rogério Rosso (DF), a declaração do ministro da Transparência é um “absurdo”. “Trata-se de uma acusação gravíssima. Ele precisará provar o que disse”, afirmou. O parlamentar disse que aguardará as explicações públicas de Torquato Jardim para, ao lado dos outros líderes partidários do centrão, “tomarmos as medidas necessárias”.

Rosso também criticou a declaração dada pelo ministro, na mesma entrevista, na qual Torquato diz não acreditar que a Operação Lava Jato trará mudanças concretas ao País. “A Lava Jato é um divisor de águas na política brasileira. E ele virou ministro exatamente em função dela”, disse o deputado, lembrando que Torquato assumiu o cargo, após a divulgação de áudio em que o antigo titular da pasta critica a operação.

O líder do PP na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), também cobrou explicações. Para Ribeiro, o novo ministro “começa mal” e as declarações criaram um “constrangimento” para o governo na base aliada do governo no Congresso. “Não posso levar a sério a declaração de quem, em um artigo, defende a cassação do presidente e, para virar ministro, volta a atrás”, afirmou o parlamentar paraibano.

Ribeiro se refere a artigo publicado por Torquato Jardim, em que ele defende que, caso a presidente afastada Dilma Rousseff tenha seu diploma cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mesmo deve ocorrer com o presidente em exercício Michel Temer. Os dois são alvo de pelo menos quatro ações ajuizadas na corte eleitoral pelo PSDB nesse sentido. Na avaliação do novo ministro, “a eleição do vice é mera decorrência da eleição do titular”.

Discurso. Embora ainda não admitam publicamente, os líderes do centrão já analisam a possibilidade de adotar um discurso em defesa da saída de Torquato Jardim do cargo, o qual ele assumiu há três dias. Os líderes consideram que o novo ministro não tem condições de permanecer no governo, mas ainda calculam o impacto político que a demissão de mais um ministro do governo Temer poderá provocar.

Caso Jardim seja demitido, será o segundo titular do mesmo ministério a deixar a pasta e o terceiro ministro de Temer a sair do cargo em menos de um mês de governo. Na segunda-feira, Fabiano Silveira pediu demissão do cargo de ministro da Transparência, após divulgação de áudio em que orienta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a como agir em relação às investigações da Lava Jato.

Na semana anterior, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também pediu demissão do cargo de ministro do Planejamento, após defender “estancar” a operação. Assim como no caso de Silveira, as declarações de Jucá também foram gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Críticas

Temos certeza que fazemos política da melhor qualidade, centrada na responsabilidade ética e democrática”

Jovair Arantes (GO)

LÍDER DO PTB NA CÂMARA E ARTICULADOR DO CENTRÃO

“A Lava Jato é um divisor de águas na política brasileira. E ele (Torquato Jardim) virou ministro (da Transparência) exatamente em função dela”

Rogério Rosso (DF)

LÍDER DO PSD NA CÂMARA