Cunha e mulher negam negócios ilícitos

Isadora Peron, Mateus Coutinho, Fausto Macedo, Julia Affonso e Ricardo Brandt 

10/06/2016

 

 

Pouco antes de o juiz Moro aceitar a denúncia contra Cláudia Cruz, peemedebista tenta novo recurso ao STF para retirar caso de Curitiba

O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, negaram ontem  envolvimento com as irregularidades e “negociações ilícitas” envolvendo o esquema de corrupção na Petrobrás investigado pela Lava Jato.

Pouco antes de o juiz federal Sérgio Moro aceitar a denúncia contra a mulher de Cunha, a defesa do peemedebista havia feito uma nova tentativa para retirar o caso das mãos do juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba.

A ação penal foi oferecida pela força-tarefa da Lava Jato na segunda. Os advogados entraram com a peça no Supremo Tribunal Federal na terça-feira. Ontem, Moro recebeu a denúncia e transformou a mulher de Cunha em ré na ação.

Na defesa entregue ao STF,   os advogados de Cunha sustentavam que os casos de Cláudia e o de uma das filhas do peemedebista, Danielle Dytz, tinham“ estreita relação” com o inquérito que tramita na Corte e investiga as contas secretas mantidas por Cunha na Suíça.

Relator da Lava jato no Supremo, o ministro Teori Zavascki ainda não havia deliberado sobre o pedido do presidente afastado da Câmara. A família já havia recorrido da decisão tomada por Teori de desmembrar o processo e enviar o caso para Moro porque Cláudia e Daniele não detêm foro privilegiado.

Depoimentos. A defesa de Cunha usou os depoimentos das duas à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba para mostrar essa relação. Na peça, eles sustentavam que Cláudia afirmara que era Cunha quem “abasteceria a conta Kopep” e “teria sido o responsável pelas contas do casal”, além de ter apresentado “os formulários de abertura da citada conta para que ela assinasse”.

O pedido ao STF ressaltava que Cláudia citara o nome de Cunha mais de 30 vezes durante o depoimento e Danielle, otras 17 vezes. Diante dessas evidências, a defesa argumentava que a “tramitação perante a primeira instância tem produzido farta prova contra o reclamante, em clara usurpação da competência do STF”.

Após o recebimento da denúncia contra Claudia, o criminalista Pierpaolo Bottini, que defende a jornalista, informou por meio de nota que a cliente responderá às acusações e vai colaborar com a Justiça, como sempre tem feito, “entregando toda a documentação necessária à apuração dos fatos”.

A defesa da jornalista ainda afirmou que ela não tem qualquer relação “com atos de corrupção ou de lavagem de dinheiro” e que não conhece nenhum dos outros denunciados.

Em seu perfil no Twitter, Cunha afirmou que sua esposa possuía conta no exterior “dentro das normas da legislação, declaradas às autoridades competentes no momento obrigatório”, e que a origem dos recursos que foram depositados na conta não tem relação “com quaisquer recursos ilícitos ou recebimento de vantagem indevida”.

O Estado procurou a defesa dos outros acusados no caso. Os advogados do ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Jorge Zelada e do empresário Idalecio de Oliveira, que está em Portugal, não foram localizados ontem. A defesa de João Augusto Rezende Henriques, outro réu na ação penal, informou que só vai se manifestar nos autos e após estudar a denúncia. Jorge Zelada e João Henriques estão presos  preventivamente. 

Recurso

“Independente do aguardo do julgamento do STF, será oferecida a defesa após a notificação, com certeza de que os argumentos da defesa serão acolhidos.”

Eduardo Cunha

PRESIDENTE AFASTADO DA CÂMARA