Título: Instituições mais do que dobrarão até 2012
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 23/10/2011, Economia, p. 14

As lideranças comunitárias estão trabalhando para levar as moedas sociais a todo o Brasil. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estima que, até o ano que vem, o número de bancos comunitários vai saltar de 65 para 150, um aumento de 130%. "Até 2005, existiam apenas duas instituições. Depois que elas foram reconhecidas como política pública, o avanço foi enorme", observa Antônio Haroldo Pinheiro Mendonça, coordenador-geral do Comércio Justo e Solidário da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) do MTE.

O coordenador-geral reconhece, no entanto, que é preciso avançar na padronização e na criação de indicadores de acompanhamento das moedas. "Precisamos saber, por exemplo, quantas são emitidas e ter um monitoramento melhor delas", diz. Embora as moedas sociais sejam acompanhadas pelo Ministério do Trabalho, não há qualquer controle de sua circulação no país. Questões como segurança e falsificação estão em aberto. Em nota, o Banco Central afirmou que a única moeda oficial do Brasil é o real e que ninguém é obrigado a aceitar os papéis alternativos.

No entanto, o BC já firmou parceria com o Ministério do Trabalho, em 2009, para conduzir estudos para o acompanhamento sistemático do desenvolvimento das moedas sociais no Brasil. A instituição afirmou ainda que elas são utilizadas para aumentar a circulação de bens e serviços em uma comunidade, pautando-se pelos princípios da economia solidária. "Não se trata, portanto, de dinheiro, mas de um instrumento de desenvolvimento local e inclusão social, que tem contado com o apoio de políticas públicas de economia solidária nos três níveis de governo", ressalta a nota. O BC e o MTE estão produzindo uma nota técnica conjunta sobre o novo meio de pagamento.

Mendonça observa que uma das garantias de segurança é o próprio fato de as moedas terem circulação restrita. Se alguém assaltar um banco comunitário e utilizar o dinheiro no bairro, as possibilidades de descobrirem quem está com as notas é grande. "Esse é um elemento de garantia importante. Mas não estamos satisfeitos. Queremos construir um indicador maior, saber quanto tempo essa moeda circula, quanto tempo leva para voltar ao banco", afirma. (CB)