Isadora Peron e Gustavo Aguiar
23/06/2016
Segundo Janot, Dudu da Fonte intermediou acerto de propina entre ex-diretor da Petrobrás e senador do PSDB
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) no âmbito da Operação Lava Jato.
Janot pediu que o parlamentar seja condenado por corrupção passiva e perca o mandato na Câmara.
Para a Procuradoria-Geral da República, Dudu da Fonte, como é conhecido, foi o responsável por intermediar um acerto entre o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o então senador Sérgio Guerra (PSDBPE) para esvaziar uma CPI criada pelo Senado para investigar os contratos da estatal em 2009.
Segundo a denúncia, Guerra, que morreu em 2014, recebeu uma propina de R$ 10 milhões e atuou para que os demais parlamentares do PSDB, partido presidido por ele na época, não aprofundassem as investigações.
Para Janot, Dudu da Fonte tinha conhecimento do esquema instalado na Petrobrás e interesse na sua manutenção, por isso participou de toda a negociação. O deputado foi responsável pela indicação de Costa para o cargo.
A PGR aponta como indício do esquema o fato de os dois parlamentares terem se encontrado reservadamente com o ex-diretor da Petrobrás em pelo menos três oportunidades em hotéis no Rio.
Além da delação de Costa, a denúncia tem como base os depoimentos do doleiro Alberto Youssef, que também confirmou o pagamento do valor ao senador tucano. O deputado do PP responde a outros dois inquéritos no STF por conta da Lava Jato.
Em nota, Dudu da Fonte afirmou que a denúncia “será respondida, no tempo e forma devidos”.
O parlamentar disse ainda que enviou, durante a CPI no Senado, “18 representações a esse mesmo Mistério Público acusador” para solicitar “a adoção das providências necessárias à apuração das notícias de crime identificadas no decorrer dos trabalhos da Comissão, em especial as pertinentes às obras da refinaria Abreu e Lima”, em Pernambuco.