O globo, n. 30271, 23/06/2016. País, p. 6
O Ministério Público Federal concluiu que o empresário João Carlos Lyra de Melo Filho é o proprietário do avião que caiu em Santos (SP) com o então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, na campanha presidencial de 2014. O empresário, de acordo com o MPF, entregou propina da empreiteira Camargo Corrêa a Eduardo Campos e ao senador Fernando Bezerra (PSB-PE).
Segundo inquérito da Polícia Federal, ex-funcionários da construtora reconheceram o empresário como o responsável pelo pagamento da propina. Anteontem, os policiais federais prenderam quatro pessoas na Operação Turbulência: Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal e Apolo Santana Vieira, além de Mello Filho, acusados de envolvimento no esquema ilegal que teria abastecido o caixa dois de campanha eleitoral de Campos para o governo de Pernambuco, em 2010.
A PF faz referência a trechos de inquérito do Supremo Tribunal Federal do ano passado que investiga o desvio de dinheiro público na construção da Refinaria Abreu e Lima. Baseado em depoimentos de ex-empregados da Camargo Corrêa, o MPF diz que “João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho foi reconhecido pelos ex-empregados da Camargo Corrêa como sendo a pessoa encarregada de entregar a propina devida por aquela empreiteira ao ex-governador Eduardo Campos e ao senador Fernando Bezerra Coelho em virtude das obras na refinaria Abreu e Lima”. O PSB e Bezerra negam qualquer ato ilícito na campanha.
MORTE EM OLINDA
O empresário Paulo Cesar de Barros Morato, apontado como laranja no esquema investigado na Operação Turbulência, foi encontrado morto, ontem à noite, em um motel em Olinda, Região Metropolitana de Recife. Morato era considerado foragido desde terça-feira. Ainda não se sabe a causa da morte. Um policial contou que o empresário deu entrada sozinho no motel, na terça-feira à tarde, e que o corpo não tinha marcas de violência.
A advogada do empresário, Marcela Lopes, afirmou que ele já havia tentado suicídio.
— Quem vai cuidar da investigação por enquanto é a Polícia Civil. Mas já foi designado um policial federal para acompanhar a perícia. Se for constatado que as circunstâncias da morte têm ligação com a Operação Turbulência, a Polícia Federal pode entrar nas investigações — disse o assessor da PF, Giovani Santoro. (Do G1).