PT lança cartilha para defesa de Lula no exterior

 

18/08/2016
Fernando Taquari

 

Em uma ofensiva internacional, o PT lançou uma cartilha em quatro idiomas - português, inglês, espanhol e francês - para defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, sob o título "A caçada judicial ao ex-presidente, o partido afirma que o petista enfrenta a "mais violenta campanha de difamação contra um homem público em toda a história do país".

O PT diz que Lula vem sendo, desde a reeleição de Dilma em 2014, alvo de uma caçada judicial por parte de "agentes partidarizados do Estado" no Ministério Público, Polícia Federal e Poder Judiciário. "Dezenas de procuradores, delegados, fiscais da Receita Federal e até juízes atuam freneticamente nesta caçada, em cumplicidade com os monopólios da imprensa e bandos de difamadores profissionais".

Na cartilha, o partido cita expressamente o juiz Sergio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava-Jato, o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que ao recusar recursos de Lula, o impediu de assumir o cargo de ministro de Estado, embora ele "preencha todos os requisitos constitucionais e legais para esta finalidade".

Segundo os petistas, nos últimos dois anos, Lula foi alvo de

nove inquéritos que tratam de supostos imóveis, palestras, viagens internacionais, obstrução de justiça e vantagens indevidas a um dos filhos na tramitação de medidas provisórias aprovadas pelo Congresso. Além disso, o partido ressalta que houve ainda duas ações penais referentes a fatos similares aos inquéritos abertos, quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico e 38 mandados de busca e apreensão nas casas de Lula, parentes e funcionários do instituto que leva seu nome.

Inicialmente, o partido havia divulgado uma informação incorreta, de que Lula, apesar de todas as frentes de investigação, não era réu. Depois, em nota, informou que, como o documento foi enviado para a gráfica antes do dia 29 de julho de 2016, ele está desatualizado. Na realidade, o ex-presidente se tornou réu no mesmo dia por tentativa de obstrução da Justiça nas investigações de corrupção em contratos da Petrobras apurados pela força-tarefa da Lava-Jato.

Os petistas afirmam que o ex-presidente prestou todos os esclarecimentos, tem recorrido sistematicamente contra os abusos e que mesmo com a ausência de provas tem sido submetido a constrangimentos e arbitrariedades por parte de seus algozes. "Está claro que o objetivo da plutocracia brasileira, da mass media e dos setores mais retrógrados do país é levar o ex-presidente ao banco dos réus, para excluir Lula do processo político brasileiro".

Em julho, a defesa do ex-presidente já tinha feito uma ofensiva internacional ao recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU contra Moro. Os advogados de Lula acusam o magistrado de violações e abuso de autoridade. Como exemplo, citaram, entre outras coisas, a condução coercitiva do petista e a interceptações telefônicas dele com a presidente afastada Dilma Rousseff e outras autoridades.

 

Valor econômico, v. 17, n. 4072, 18/08/2016. Política, p. A8