Teori desvincula inquéritos contra Eduardo Cunha

 

24/08/2016
Carolina Oms

 

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), pediu ontem a redistribuição do inquérito sobre o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por suposta venda de emendas parlamentares que teriam beneficiado o banco BTG Pactual.

Em decisão, o ministro afirmou que os fatos apurados em nada se relacionam com o esquema de corrupção investigado na Petrobras pela Operação Lava-Jato. O processo foi encaminhado ao presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, para redistribuição entre os ministros da Corte.

O inquérito baseia-se na delação do senador cassado Delcídio do Amaral, segundo quem "é fato conhecido a relação de André Esteves com o deputado Eduardo Cunha".

Durante buscas em desdobramento da Lava-Jato no ano passado, investigadores encontraram na residência de Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete de Delcídio, um documento com uma anotação indicando suposto pagamento de R$ 45 milhões do BTG para Cunha. Esteves e o pemedebista negam o envolvimento com qualquer irregularidade.

 

Valor econômico, v. 17, n. 4076, 24/08/2016. Política, p. A6

No âmbito da Lava-Jato, os parlamentares indicados como testemunhas por Cunha prestarão depoimento ao Supremo a partir do dia 31. Já confirmaram presença os deputados Felipe Bornier (Pros-RJ), Fernando Jordão (PMDB-RJ), Flaviano Melo (PMDB-AC), Hugo Motta (PMDB-PB), Manoel Junior (PMDB-PB), Marcelo Aro (PHS-MG), Pedro Chaves (PMDB-GO), Saraiva Felipe (PMDB-MG) e Washington Reis (PMDB-RJ). Alberto Filho (PMDB-MA) informou que poderá comparecer entre 17 e 20 de outubro. O senador Edison Lobão (PMDB-MA) também disse que já tinha compromissos nas datas sugeridas, mas afirmou que poderia prestar depoimento no dia 4 de outubro. Já os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Mauro Lopes (PMDB-MG) ainda não responderam ao ofício de Teori.

Na Câmara, a votação da cassação do mandato de Cunha deve ser mantida para o dia 12 de setembro, apesar do requerimento de deputados de PT, Rede, Psol, PSB, PPS, PDT e PCdoB para antecipar a sessão. Eles temem que, por ser uma segunda-feira, não haja quórum suficiente para que o pemedebista seja cassado. (Colaboraram Letícia Casado e Thiago Resende)

 

Valor econômico, v. 17, n. 4076, 24/08/2016. Política, p. A6