Título: Sessão tumultuada
Autor: Amado, Guilherme; Gama, Júnia
Fonte: Correio Braziliense, 11/11/2011, Política, p. 3

Nem só de declarações de amor foi a sessão de ontem na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Além de rebater denúncias, Lupi subiu o tom em uma briga de heranças com o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), que chamou a pasta comandada pelo pedetista de "queijo suíço de irregularidades". O tucano afirmou que os bons números de emprego no país não são mérito do Ministério do Trabalho. "Os empregos não são por causa do ministério, mas pelo crescimento da economia, graças ao Plano Real", disse, reivindicando ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso os resultados favoráveis.

Lupi contestou que havia visto "muito ódio" em Duarte e começou uma defesa exaltada do ex-presidente Lula. "É um governo com 80% de aprovação, sem vender nenhuma empresa pública. Tenho a honra de defender o Lula, eu adoro o Lula, e o povo brasileiro também", completou, aos gritos. Foi preciso que o presidente da comissão, Nilson Leitão (PSDB- MT), interviesse: "Peço ao ministro que respeite os deputados".

O ápice da tensão ocorreu quando Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) pediu a palavra para defender Carlos Lupi. O deputado Silvio Costa (PTB-PE), que já havia questionado o ministro sobre repasses a governos estaduais comandados por aliados, como publicou o Correio ontem, decidiu intervir para apresentar um documento e foi interpelado pelo colega com rispidez. "Deputado Rubem, vim aqui para receber um documento, baixe o tom para falar comigo!", gritou Silvio Costa. Irritado, Santiago levantou-se e avançou sobre o deputado, com o dedo em riste. "O senhor me respeite! Eu não sou palhaço, não venha fazer teatro às minhas custas", atacou Santiago.

Costa permaneceu sentado e apenas ironizou: "Vai aparecer no Jornal Nacional!". Os demais deputados presentes precisaram segurar Santiago, que voltou para o seu lugar e terminou o discurso. Quando Silvio Costa retomou a palavra, Paulo Rubem Santiago já havia deixado a sala. O parlamentar do PTB aproveitou para chamar de "circo" a reação de Santiago. Em seguida, Silvio Costa criticou a postura de pedetistas em relação a Lupi: "O que me intriga, me enoja, é o fogo amigo no seu partido. Já tem até nome do Rio Grande do Sul para ocupar o ministério", apontou Silvio Costa. (JG)

AS CRÍTICAS DE VACCAREZZA A língua afiada do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi censurada pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Até mesmo o deputado, que coleciona declarações desastradas durante discussões de matérias importantes para o Planalto, criticou o ministro. "O Lupi é ministro, diferente de alguns do passado que disseram que estavam ministro. Por isso, fiz questão de passar lá na audiência e dar um abraço nele, mas acho que ele deveria falar um pouco menos. Ele atribuiu as manifestações ao sangue italiano, mas eu conheço vários italianos que falam menos", reprovou Vaccarezza. Questionado se repetiria o gesto de Lupi e diria que "ama" a presidente Dilma, o líder do governo recusou a missão. "É um estilo mais efusivo, fala demais, mas toda declaração de amor é importante."