Título: Meta comprometida
Autor: Bonfanti, Cristiane; D'Angelo, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 11/11/2011, Economia, p. 9

O governo iniciará 2012 já tendo que economizar pelo menos R$ 26 bilhões, se for sancionada a proposta orçamentária tal como propôs o relator, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Essa é a avaliação de analistas de mercado. Mas podia ser pior. "Não deixa de ser um sinal positivo não ter havido pressão adicional por mais gastos. Nem teria espaço para isso", afirma o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria.

Segundo ele, o relatório só confirma o cenário do mercado de não cumprimento da meta de superavit primário (economia para pagar juros da dívida) de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB). "O contingenciamento será de no mínimo R$ 26 bilhões, pois incluiu aumento de receita com um PIB menor", critica. Mas o valor deve ser bem maior, acima de R$ 67 bilhões, para contemplar esse aumento de receita incluído pelo Congresso, diz.

O economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, avalia que o governo não está preocupado com o cumprimento da meta. Um sinal disso foi a ampliação da capacidade de endividamento de estados e municípios. Ele critica a inclusão de gastos pelo Congresso que dependem de confirmação de receita adicional.

"O governo tem discurso diferenciado. Um da necessidade de fortalecer as contas fiscais e isso vale para as demandas dos servidores e para as emendas parlamentares. E o segundo da necessidade de incentivar o consumo, com aumentos generosos para o salário mínimo", afirma. (AD)