Temer assume e diz que vai adotar o 'bateu, levou'

Beatriz Bulla, Ricardo Brito, Fábio Fabrini, Igor Gadelha, Isabela Bonfim, Isadora Peron, Julia Lindner e Rachel Gamarski

01/09/2016

 

 

DEPOIS DO IMPEACHMENT- Senadores encerram julgamento e aprovam afastamento definitivo de Dilma Rousseff; em outra votação, porém, ela mantém direito de exercer função pública num acordo PMDB-PT.

O plenário do Senado aprovou na tarde de ontem, por 61 votos a favor, 20 contra e nenhuma abstenção, o impeachment da presidente Dilma Rousseff, de 68 anos. A petista foi cassada de seu mandato presidencial, conquistado na eleição de 2014 com 54,5 milhões de votos, e o presidente em exercício Michel Temer, de 76 anos, tomou posse definitivamente no comando do Executivo federal. O peemedebista é o 37.º presidente da República e, também, o terceiro a assumir o Palácio do Planalto após afastamento de titulares desde a redemocratização.

A decisão faz de Dilma o segundo presidente do Brasil a sofrer impeachment, desde o impedimento de Fernando Collor de Mello, em 1992, e encerra uma hegemonia de 13 anos do PT no poder central do País – iniciada em 2003 com Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que presidiu o processo no Senado, proclamou o resultado às 13h35.

O plenário votou ainda um pedido de destaque sobre a inabilitação de Dilma para cargos públicos por oito anos. Foram 42 votos a favor, 36 contra e três abstenções. Como não foi alcançado o número mínimo (54), ela manteve o direito de se candidatar e exercer função pública. Esse resultado abriu nova crise na base aliada. Parlamentares do PSDB e do DEM acusaram o PMDB de ter feito um acordo para “livrar” Dilma e amenizar sua pena por crime de responsabilidade.

O acerto que uniu peemedebistas e petistas foi apontado nos bastidores do Congresso como um precedente que pode beneficiar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, futuramente, outros parlamentares ameaçados de cassação.

Dilma reagiu ao afastamento definitivo da Presidência com um duro discurso, no qual disse que foi tirada do poder por “um grupo de corruptos investigados”. Ela prometeu “determinada oposição” a Temer. Em sua primeira reunião ministerial, o presidente respondeu que, a partir de agora, adotará a postura do “bateu, levou” e não vai mais “levar ofensa para casa”.