Título: Brasil envia à ONU propostas da Rio+20
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 02/11/2011, Política, p. 5

A sete meses da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável de 2012, a Rio+20, o Brasil envia à Secretaria-Geral da ONU um elenco de propostas para discussão no encontro, com destaque para os avanços que o país obteve na área social, a participação de ONGs em organismos multilaterais e, ainda, linhas de financiamentos mais atraentes para empresas e instituições que tenham em seu processo produtivo a preocupação com a economia verde. No rol das questões sociais consta no topo da lista de prioridades a meta de erradicação da miséria. "Não tenho nenhum problema em colocar a erradicação de 100% da pobreza extrema como objetivo global", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Ao lado do subsecretário-geral do Meio Ambiente, Energia e Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, Izabella foi enfática na questão do combate à miséria aliado a incentivos para a economia verde, ou seja, que não cause danos ao meio ambiente: "Temos um objetivo-síntese: avançar nos próximos 20 anos com desenvolvimento sustentável inclusivo. Nós entendemos que a economia verde inclusiva é um caminho em que você gere renda, crescimento econômico e desenvolvimento a partir da inclusão social", afirmou.

Além da erradicação da pobreza extrema, o Brasil colocará ainda outros programas no portfólio da Conferência de Desenvolvimento Sustentável com vistas à inclusão social. Ela citou especificamente o Bolsa Família, o Luz Para Todos, o Brasil sem Miséria e o Bolsa Verde, programas de sucesso que poderão ser aplicados em outros países.

O Brasil ainda apresentou à ONU a proposta de criação de um protocolo internacional para o que chamou de "sustentabilidade do sistema financeiro". A ideia é ampliar as experiências de atitudes responsáveis sob a ótica ambiental e social adotadas por esse setor em todo o mundo. Também financiamentos de estudos e pesquisas para desenvolvimento sustentável com a possível adoção de um instituto da ONU que pudesse distribuir os avanços nessa área a todos os países.

Com os grandes problemas econômicos e de desenvolvimento que os Estados Unidos e a Europa enfrentam hoje, o Brasil acredita que será mais fácil implementar certos pontos antes restritos a países em desenvolvimento em todo o planeta. E, para que as metas a serem discutidas na Rio+20 virem políticas de todos os países, Izabella comentou que muitos ministros de Meio Ambiente estão engajados em trazer seus chefes de Estado e de governo para a conferência. Em janeiro, por exemplo, Izabella irá aos Estados Unidos para auxiliar no esforço de convencer o governo americano sobre a presença do presidente Barack Obama.

Como a Eco-92, a Rio+20 não terá poder de punição ou de imposição das resoluções, mas o recado político será claro: "A Rio+20 é uma oportunidade única de se desenhar um modelo de desenvolvimento global mais atraente e temos certeza de que a maioria dos chefes de estado e de governo não querem perder essa oportunidade" comentou Luiz Alberto Figueiredo.