Base aliada articulou votar anistia a caixa 2

21/09/2016

Os principais partidos da base aliada do presidente Michel Temer articularam, na noite de anteontem, a manobra para tentar votar a proposta de anistia a políticos que tenham praticado caixa 2 nas campanhas eleitorais. A medida, que pode beneficiar investigados na Operação Lava Jato, só foi retirada de pauta após pressão de uma minoria de deputados que estavam na Câmara.

Entre as legendas que patrocinaram a medida estão PSDB, PMDB, DEM, PP, PT e PCdoB.

Segundo o Estado apurou, a ideia de colocar a proposta em votação vinha sendo gestada há pelo menos três semanas por deputados e senadores com a participação de líderes. A iniciativa contou com o aval dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ocupa interinamente a Presidência, e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ambos negam.

A ideia era utilizar um projeto que tramita na Câmara desde 2007 e trata de regras eleitorais para incluir uma emenda anistiando o caixa 2, mas o texto com a alteração não foi tornado público.

Na avaliação de deputados, a medida foi colocada em votação às pressas porque atendia a interesses de diversos partidos, especialmente os que estão implicados na Lava Jato.

Motivações. Outras motivações para que os parlamentares tentassem aprovar o projeto a toque de caixa seriam a preocupação do governo com o processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a chapa Dilma Rousseff e Temer, que tem como cerne a questão do caixa 2, além da previsão de aumento de recursos ilícitos nas campanhas municipais deste ano por conta da dificuldade de arrecadação.

Segundo o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, o Planalto não foi consultado sobre a inclusão do projeto em pauta. Ele, no entanto, disse ser a favor da anistia. “O Congresso tem que fazer essa discussão sem medo”, afirmou.

 

O Estado de São Paulo, n. 44899, 21/09/2016. Política, p. A7