Título: PT quer seduzir Marta
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Gama, Júnia
Fonte: Correio Braziliense, 05/11/2011, Política, p. 3

Desafio é convencer a senadora a apoiar Haddad na briga pela prefeitura paulistana após Lula pedir que ela desistisse da disputa

Após convencer a senadora Marta Suplicy a desistir de concorrer às prévias para a prefeitura de São Paulo, o ministro Fernando Haddad terá que, agora, convencê-la a se engajar na campanha. Ressentida pela forma como foi escanteada internamente pelo PT, ela não declarou publicamente apoio a Haddad como esperavam os aliados do pupilo de Lula. Articuladores sabem que essa reaproximação é fundamental para o êxito na disputa eleitoral de 2012. "Não se faz campanha em São Paulo sem o apoio e a presença da Marta. Ela é a nossa principal liderança na capital paulista", confirmou ao Correio o presidente estadual do PT de São Paulo, Edinho Silva.

Na qualidade de quem "inventou" a candidatura de Marta Suplicy ao governo de São Paulo em 1998 — na época ela era apenas uma deputada federal com carreira na televisão —, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabe que essa ponte precisa ser reconstruída. Enquanto pedia à sucessora, Dilma Rousseff, que desse o recado para Marta desistir da disputa, Lula ligava para Haddad pedindo que a procurasse. Na próxima semana, o ex-presidente terá uma conversa com a senadora — o que teria acontecido no início desta semana caso não tivesse sido diagnosticado o câncer na laringe.

Marta chegou a relatar a conversa telefônica que teve com Lula, na manhã de quinta, quando o informou de que desistira da disputa. O ex-presidente teria dito que voltaria ao trabalho na próxima semana, no Instituto Lula. Segundo Marta, os dois devem marcar um almoço para conversar sobre as eleições na capital paulista. Ele vai pedir que ela se agregue à campanha de Haddad.

A revista britânica The Economist destacou, em matéria publicada esta semana, que a doença do ex-presidente pode alterar o quadro eleitoral em 2012. O periódico afirmou ainda que as próximas palavras de Lula serão "difíceis de ignorar" e que o clima de solidariedade vai "acrescentar peso" às suas escolhas de candidatos e pedidos de união nas coalizões.

Nesse contexto, Edinho Silva afirmou que o próximo passo será buscar a unidade partidária — isso passa, necessariamente, por uma conversa com os demais pré-candidatos para que abram mão da disputa das prévias. O prazo de inscrição encerra-se na segunda-feira, mas o presidente do diretório paulista do PT ressalta que as desistências podem ocorrer a qualquer momento antes das prévias, marcadas para 27 de novembro. Além de Marta, os deputados federais Jilmar Tatto e Carlos Zarattini são os pré-candidatos petistas.

Visitas Lula recebeu ontem as visitas da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e do prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Luiz Marinho. Eles ficaram animados com a forma como o ex-presidente vem reagindo ao tratamento de câncer na laringe. Segundo a ministra, Lula falou por cinco minutos sobre a doença e outros 25 sobre política, sociedade e futebol. Ela relatou que o ex-presidente está animado com o estado de saúde e que quer conversar com os pré-candidatos à prefeitura de São Paulo na próxima semana.