Polícia do Senado teve 13 pedidos para ‘varreduras’ 

Fábio Fabrini, Fábio Serapião, Julia Affonso e Mateus Coutinho

23/10/2016

 

 

Documentos incluídos no inquérito da Operação Métis, da Polícia Federal, revelam uma preocupação permanente de senadores com a possibilidade de serem alvo de monitoramento. Anteontem, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão nas dependências do Senado, além de deter quatro integrantes da Polícia Legislativa da Casa.

Ofícios dos gabinetes dos parlamentares dirigidos ao diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo de Araújo Carvalho – um dos presos por supostamente integrar um esquema de contrainteligência para blindar senadores da Operação Lava Jato – solicitavam “varredura geral” em seus espaços na Casa. Cópias de treze pedidos – feitos entre agosto de 2013 e março de 2015 – foram juntadas aos autos.

A varredura consiste em uma inspeção para identificação de grampos telefônicos e de e-mails e, ainda, escuta ambiental. A verificação em si não consiste crime, mas a PF identificou que as ações estavam sendo ordenadas para atrapalhar investigações.

Muitos senadores citados nesses ofícios não são alvo da Lava Jato. Outros são, como Fernando Collor (PTC-AL) e Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Em de setembro de 2013 Marco Aurélio de Oliveira, do gabinete do então senador Vital do Rêgo – hoje ministro do Tribunal de Contas da União –, solicitou ao diretor da Polícia “a gentileza de autorizar varredura eletrônica e telefônica deste gabinete”.

Vital do Rêgo foi presidente da CPI da Petrobrás em 2014 e é citado na Lava Jato porque teria integrado um esquema de blindagem de empreiteiros ligados ao cartel na estatal petrolífera – o que é negado pelo hoje ministro da Corte de Contas.

Em fevereiro de 2014, o gabinete de Vital do Rêgo requereu outra vistoria “nos telefones do Gabinete do 18.º andar, do Anexo I, ocupado por Sua Excelência”.

Lideranças. Duas solicitações foram feitas para inspeção nos espaços ocupados pelas Lideranças do PMDB e do PTB no Senado. No caso do PTB, o pedido foi apresentado em abril de 2014 pelo chefe de gabinete da liderança do partido, Dênio José Rodrigues Louro, “de ordem do Senador Gim”, em referência a Gim Argello, que está preso em Curitiba, condenado a 19 anos de prisão na Lava Jato.

Em maio de 2014, ofício do gabinete do então senador Lobão Filho (PMDB–MA) pediu perícia em dois endereços de Brasília. Outro pedido, de fevereiro de 2015, se refere a “varredura por escutas e câmeras”, no gabinete do senador Tasso Jereiassati (PSDB).

 

O Estado de São Paulo, n. 44931, 23/10/2016. Política, p.A5