Título: Punições exemplares
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Fonte: Correio Braziliense, 17/11/2011, Economia, p. 21

Berlim — A chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu ontem que a Eurozona ainda não deu "respostas suficientes" sobre seu futuro e, por isso, deveria haver uma modificação nos tratados europeus. Segunda ela, a confiança na capacidade de determinados países em ordenar as finanças públicas e reformar a economia não é suficiente. Por isso, os mercados estão tão aflitos e exigindo taxas de juros cada vez maiores para financiar as dívidas da região. "Para que essa confiança seja instaurada, é preciso reforçar o poder das instituições de punir os países que não respeitam o Pacto de Estabilidade e de Crescimento", disse.

Apesar do reconhecimento de Merkel das fragilidades institucionais na Zona do Euro, o primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, se mostrou cético em relação a mudanças. "Pensamos que a crise deve ser tratada com os instrumentos que temos a nossa disposição", disse. Para o presidente da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, a crise precisa que os países façam mais para que a Europa saia do atoleiro em que se encontra. Ele assinalou que estuda uma série de reformas para melhorar a integração da região, que contemplariam sanções aos que não cumprem acordos, assim como políticas sociais e a adoção dos eurobônus. "Precisamos de mais reformas, que não contemplem apenas castigar os pecadores", disse.

Van Rompuy anunciou que apresentará as ideias de reforma no próximo 9 de dezembro, durante a reunião de cúpula europeia. O líder da UE garantiu que a maior parte dos planos não exige mudanças no Tratado de Lisboa.