Título: O destino é deixar o cargo
Autor: Amado, Guilherme; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 01/12/2011, Política, p. 2/3

A decisão da Comissão de Ética Pública, que, pela primeira vez, recomendou a demissão de um ministro de Estado, selou o destino de Carlos Lupi. Internamente, no governo e fora dele, a avaliação ontem à noite era a de que ou a presidente Dilma Rousseff demitia o pedetista ou dissolvia a comissão, o que politicamente seria um desastre. Portanto, optou-se por fazer chegar ao ministro a ideia de que ele deveria pedir seu afastamento para poupar o constrangimento de ser demitido.

Lupi queria se reunir com Dilma ontem à noite, com a intenção de permanecer no cargo, apesar das dezenas de conselhos para que se afastasse. Mas Dilma, ontem à noite, preferiu se reunir com os ministros palacianos — a de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Helena Chagas, e ainda o da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. A conversa no gabinete presidencial durou cerca de duas horas.

Ali, avaliou-se que Dilma, diante a decisão da comissão, não tem meios de esperar a reforma ministerial para afastar o ministro do Trabalho. Ficaria ruim para a imagem de alguém que não compactua com malfeitos — como ela chama as irregularidades administrativas ou corrupção — manter Lupi diante das posição unânime dos conselheiros. Mas não está descartado que a pasta fique sob o comando de um interino até janeiro.