Irmãos Batista tentarão delação

14/05/2017

 

 

JUSTIÇA » Joesley e Wesley, sócios do grupo J&F, dono da JBS, se movimentam para conseguir acordo que garanta a sobrevivência do conglomerado. Alvo de diversas operações da Polícia Federal, executivos podem fornecer informações sobre o BNDES e fundos de pensão

 

 

Protagonistas em cinco operações da Polícia Federal, os irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios do grupo J&F, dono da JBS — a  maior processadora de proteína animal do mundo — se movimentam para conseguir um acordo de delação premiada com o Ministério Público, a fim de garantir a sobrevivência do conglomerado.

Na sexta-feira, a JBS foi alvo de mais uma investida da PF, a Operação Bullish, que investiga empréstimos de R$ 8,1 bilhões concedidos pelo BNDES à empresa para expansão. A suspeita é de prejuízo de R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos por supostas fraudes nos aportes do banco de fomento. O frigorífico e seus executivos são alvos também das operações Greenfield, Sepsis, Cui Bono e Carne Fraca.

Nos últimos meses, preocupados com o desgaste da imagem das empresas do grupo, com conduções coercitivas, afastamento de executivos e bloqueio de bens, representantes do conglomerado estão em contanto com investigadores para alinhavar um acordo. De acordo com algumas fontes, o passo mais recente dado pela JBS foi um encontro com o ex-procurador da República Luciano Feldens, responsável pela colaboração premiada de Marcelo Odebrecht.

O objetivo do grupo é tentar um acordo que envolva somente as investigações que afetam a companhia. Entre os temas que pretendem abordar, segundo fonte, estão incentivos do BNDES e fundos de pensão. Procurada, a J&F não quis se posicionar sobre o assunto, alegando que não comenta “rumores”.O juiz Ricardo Augusto Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, que autorizou a operação Bullish, proibiu os irmãos Batista de promoverem qualquer mudança estrutural nas empresas do grupo J&F Investimentos. Também determinou que não seja feita inclusão ou exclusão de sócios até a produção do relatório final da Polícia Federal.

 

Abertura de capital

Na operação, Ricardo Augusto Leite ainda proibiu o grupo de realizar abertura de capital de qualquer empresa do grupo no Brasil ou no exterior. A decisão afeta, principalmente, a JBS, que tinha planos de lançar ações de uma de suas subsidiárias, a JBS Foods International, em Nova York. A suspeita dos investigadores é de que a proliferação de empresas seria uma forma de blindar o patrimônio. O juiz também determinou o bloqueio dos bens da família Batista.

 

 

Correio braziliense, n. 19710, 14/05/2017. Economia, p. 9.