Ao lado do governador Geraldo Alckmin, prefeito de São Paulo manda manifestante ‘procurar a sua turma lá em Curitiba’

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), se irritou ontem em seu discurso durante evento de entrega de unidades habitacionais no Grajaú, na zona sul de São Paulo, com um rapaz que gritou “golpistas” para as autoridades presentes, entre eles, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro das Cidades, Bruno Araújo.

O rapaz gritou “golpistas” diversas vezes e disse que aquela obra é da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). No palco, Doria se exaltou no fim do discurso e disse que golpista “é aquele que rouba dinheiro público”. O prefeito também afirmou que o manifestante estava “estragando a festa das famílias” e o mandou ir embora.

“Vou dizer para você que veio aqui tentar estragar a festa destas famílias que aqui estão...  Que estas famílias não estão de acordo com você, não. Golpista é aquele que rouba o dinheiro público. Golpista é quem rouba o povo. Pergunta para o povo o que eles acham.

Vai embora procurar a sua turma. Vai embora procurar a sua turma lá em Curitiba”, discursou o tucano, que recebeu palmas em seguida. “O povo sabe quem é honesto e é decente. Sabe ou não sabe? Vai procurar a sua turma em Curitiba. Pessoal, uma salva de palmas para o Brasil”, disse, finalizando a fala. Famílias presentes no evento chegaram a bater boca com o manifestante, pedindo que fosse embora.

Ao sair do evento, Doria tirou selfies com participantes e disse que a manifestação foi “totalmente extemporânea”. “Veio aqui falar de golpe. Golpe do quê? Golpe deu o Lula no Brasil, isso, sim”, afirmou.

‘Direito’. O manifestante, que se identificou apenas como Rafael, disse ser morador de Grajaú há anos e se recusou a ir embora, permanecendo no local sob escolta da Guarda Civil Metropolitana depois que alguns participantes do evento tentaram se aproximar para pedir que fosse embora. “Eu só vim exercer o que exerço em todo lugar, que é o meu direito de expressão”, afirmou.

Depois da polêmica, Doria postou o vídeo do discurso nas redes sociais e voltou a criticar o manifestante. Em caráter reservado, tucanos avaliaram que o episódio faz parte de estratégia do prefeito para se colocar como antítese do PT e se manter como opção para a disputa presidencial do ano que vem.

Ritmo. Após tomar posse como prefeito, Doria manteve o mesmo estilo dos tempos de campanha. Sua agenda também seguiu com o ritmo típico de candidato. Embora ele negue a intenção de concorrer à Presidência da República ano que vem e tenha proibido assessores de falar sobre seu futuro eleitoral, a movimentação e o discurso nacionalizado de Doria atraíram fogo amigo no PSDB.

Na segunda-feira, por exemplo, Doria organizou um evento no Theatro Municipal para lançar um programa de arrecadação de recursos para custeio das creches. Além de levar para a plateia artistas e celebridades como Adriane Galisteu, o prefeito mandou instalar um telão com a bandeira do Brasil no palco.

Em seu discurso, Doria repetiu um bordão de campanha, sua participação nos eventos das Diretas-Já, e chamou ao palco a cantora Fafá de Belém para cantar o Hino Nacional.

No fim da cerimônia, que contou com a presença dos principais banqueiros do Brasil, as caixas de som tocaram o tema da vitória de Ayrton Senna enquanto Doria tirava selfies e distribuía autógrafos.

Antes de partir, respondeu ao ex-ministro Ciro Gomes, que recentemente o chamou de “farsante” durante a convenção nacional do PDT. “Ciro Gomes devia se preocupar é com o estado dele, primeiro o pessoal, de saúde mental, depois o Ceará, que é o Estado que ele representa.”

Ironia

No carnaval, o prefeito João Doria (PSDB) foi hostilizado por foliões em Pinheiros, na zona oeste da capital, e ironizou: “Viva o Lula, viva o José Dirceu, viva o PT, viva a corrupção”.

O QUE DORIA JÁ FALOU...

Sobre Lula

“Esse pau-brasil é dedicado a esse mentiroso, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior cara de pau do Brasil.”

Em vídeo no Facebook

Sobre Ciro Gomes

“Devia se preocupar é com o estado dele, primeiro o pessoal, de saúde mental, depois o Ceará, Estado que ele representa.” Após ser criticado por Ciro

Sobre FHC

“Os dois primeiros prognósticos ele errou.” Referência à vitória dele nas prévias e na eleição, após FHC criticar quem se apresenta como gestor

O Estado de São Paulo, n. 45089, 30/03/2017. Política, p. A10.