Título: De cada 10 mortos, oito são homens
Autor: Tahan, Lilian ; Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 18/12/2011, Cidades, p. 29/30

Como em uma guerra, os homens são os que mais perdem a vida no trânsito, deixando para trás esposas, filhos, mães e realizações. Os números são expressivos. Em 2011, eles representaram 80% das vítimas em acidentes no Distrito Federal. Dos 449 mortos, 359 são do sexo masculino. E as estatísticas indicam uma realidade nacional. Entre janeiro e setembro deste ano, 77% das indenizações pagas em decorrência de tragédias nas ruas e rodovias foram destinadas a familiares de pais, filhos, irmãos e maridos, de acordo com informações da Seguradora Líder, responsável pelo pagamento do seguro DPVAT.

Os dados do seguro obrigatório também revelam outra faceta dessa guerra civil nas ruas: a quantidade de feridos e inválidos deixados pelas colisões entre carros, motos e caminhões. Do total de indenizações pagas em todo o país, 54% foram destinadas a motoristas. Mais da metade dos recursos serviu para custear tratamentos de inválidos, homens que vão carregar sequelas permanentes, como paralisias e amputações, as mais comuns em acidentes, principalmente nos que resultam de velocidade alta. A maior parte das vítimas em idade para realizar muitos projetos: 45% tinham entre 18 a 34 anos.

Especialista em medicina de tráfego, Dirceu Rodrigues Alves Júnior faz um diagnóstico. O homem é mais impulsivo, predisposto à velocidade, desatento e menos cauteloso. Na opinião dele, o carro é um fascínio apresentado aos meninos como primeiro presente. "É uma fantasia que o homem carrega para toda a vida", diz Rodrigues, que é diretor da Associação Brasileira de Medicina no Tráfego. Em geral, quando um homem assume a direção, sente-se poderoso, no controle, com um objeto de desejo. Familiaridade que acaba por inebriar condutores. "Assim que o homem ganha o primeiro salário, ele quer comprar um carro. Depois quer um melhor, mais bonito e equipado", explica Dirceu. (AMC e LT)

Indenizações Criado em 1974, o DPVAT é uma indenização destinada às vítimas de acidentes. É uma forma de amparar motoristas, passageiros ou pedestres, além de familiares de mortos. Em caso de morte ou invalidez permanente, a indenização é de R$ 13,5 mil por passageiro. Para ter direito ao seguro, o proprietário do veículo deve pagar anualmente R$ 101,16. No caso das motos, que registram mais acidentes fatais, o valor sobe para R$ 279,27.