Alckmin recebe apoio do PTB para disputa em 2018

Pedro Venceslau

24/03/2017
 
 
 
Roberto Jefferson e Campos Machado afirmam que partido já está fechado com candidatura do governador paulista à Presidência
 
 
 

Único pré-candidato ao Palácio do Planalto da base governista que já está se movimentando abertamente para 2018, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu o reforço do PTB em seu “palanque”.

Doze anos após ter o mandato cassado por sua participação no mensalão, do qual foi delator, o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente nacional do PTB, e o secretário-geral da legenda, deputado Campos Machado (SP), disseram ao Estado que a questão está fechada no partido.

Jefferson vai mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo, por onde disputará uma vaga de deputado federal no ano que vem. O PTB tem 25 deputados federais e dois senadores.

“A nossa aposta é no Geraldo.

É um homem que conhece gestão e sabe administrar crises”, afirmou Jefferson. Questionado sobre a possibilidade de o prefeito João Doria ser o candidato tucano, Campos Machado foi categórico.

“Nós só temos um candidato (a presidente), que é o Geraldo Alckmin. Se não for ele, lançaremos um nome do PTB na disputa”, disse o deputado estadual.

O parlamentar contou, ainda, que tem levado parlamentares petebistas de todos os Estados para encontros com o governador e que Alckmin é a “primeira opção” para concorrer pelo partido caso não se viabilize no PSDB.

“Eu, que sou secretário-geral do PTB, já estou aqui. Agora vem o presidente do partido.

Mas o movimento é nacional. Já levei ao Palácio dos Bandeirantes deputados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Piauí e até o (senador) Armando Monteiro (PE). Estamos afinados com o Brasil inteiro”, disse Machado.

Em São Paulo, o PTB já é um aliado antigo do PSDB, que governa o Estado há 20 anos.

 

Ofensiva. O posicionamento público do PTB ocorre no momento que o prefeito da capital, João Doria, é apontado por aliados como potencial candidato tucano à Presidência caso as delações da Lava Jato prejudiquem os projetos presidenciais dos senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) e de Alckmin.

O Movimento Brasil Livre (MBL), um dos grupos que lideraram as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, anunciou publicamente que apoia a candidatura presidencial do prefeito, que tem negado a intenção de concorrer.

Antes do PTB, o PSB, que tem sete senadores, três governadores, 33 deputados federais e o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho, sinalizou que aceita lançar Alckmin à Presidência caso o PSDB bloqueie essa possibilidade. Atual secretário de Finanças do diretório nacional e presidente da legenda em São Paulo, o vice-governador Márcio França espera assumir a presidência do PSB para pavimentar o apoio dos pessebistas ao projeto do tucano.

Outra sigla que já está na órbita do governador é o PV. O presidente nacional do partido, José Luiz Pena, é um aliado antigo do tucano e indicou aliados para cargos no governo.

 

Projetos. Além de apoiar governador, Jefferson pretende mudar domicílio eleitoral para SP

 

Candidato

“Nós só temos um candidato (a presidente), que é o Geraldo Alckmin. Se não for ele, lançaremos um nome do PTB na disputa.”

Campos Machado

DEPUTADO ESTADUAL E SECRETÁRIO-GERAL DO PTB

 

 

PARA LEMBRAR

Jefferson teve pena perdoada

Condenado a sete anos e 14 dias de prisão no processo do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ) obteve perdão da pena em abril do ano passado e reassumiu a presidência do PTB, que era ocupada por sua filha, a deputada Cristiane Brasil (RJ). O indulto foi concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O benefício teve como base o decreto presidencial de indulto de Natal, assinado pela então presidente Dilma Rousseff no fim de 2015. Jefferson passou a ser considerado livre para a Justiça. Também já receberam o benefício o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-presidente da legenda José Genoino e o ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas. Jefferson teve o mandato de deputado cassado em setembro de 2005 por envolvimento no mensalão. Em 2012, ele passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor no pâncreas.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45083, 24/03/2017. Política, p. A8.