Para Planalto, decisão do TSE superou as previsões

Simone Iglesias 

05/04/2017

 

 

Governo festejou a não leitura do relatório de Herman Benjamin e o fato de nenhum ministro ter antecipado voto

-BRASÍLIA- Para o governo, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de adiar indefinidamente o julgamento da chapa DilmaTemer saiu melhor do que as previsões. O Palácio do Planalto viu como positivo especialmente o fato de o ministro Herman Benjamin nem sequer ter lido seu relatório, que exporia os crimes eleitorais cometidos pela chapa e poderia fragilizar o governo. Outro aspecto considerado fundamental foi o fato de nenhum dos dois ministros com mandatos prestes a terminar — Henrique Neves e Luciana Lóssio — terem antecipado seus votos. Ambos, inclusive, concordaram com a ampliação dos prazos.

A avaliação no Planalto era que, caso um ou mais votos tivessem sido dados, a pressão social contra o governo e sobre o TSE aumentaria de forma imprevisível, o que poderia travar as reformar impopulares que Temer tenta votar.

— Julgamento dessa amplitude não tem como ser rápido, a decisão do TSE foi um bom desfecho temporário e dentro das previsões que vínhamos fazendo. Nada fugiu do roteiro — disse um assessor presidencial.

Na avaliação do governo, a decisão abre caminho para que o julgamento só se conclua no ano que vem. Nesse cenário, a pressão por novas eleições para alguém cumprir um mandato de poucos meses deve arrefecer.

A expectativa do governo era que o julgamento fosse suspenso logo no início, com a apresentação das questões de ordem pelos advogados de defesa de Temer e de Dilma. O presidente acompanhou e teve participação direta em todas as ações e decisões tomadas por seu advogado, Gustavo Guedes. Temer leu as alegações finais apresentadas antes do começo do julgamento e estava por dentro dos termos que seriam apresentados na sustentação oral por seu advogado.

À tarde, durante evento de segurança no Rio, Temer defendeu a celeridade do processo.

— Quanto antes liquidar esse assunto acaba essa história de não se sabe o que vai acontecer no TSE — disse Temer. (Colaboraram Catarina Alencastro e Jeferson Ribeiro)

 

O globo, n. 30557, 05/04/2017. País, p. 5