Gabriel Cariello Marlen Couto
22/04/2017
O empresário não informou quando ocorreu a reunião com Palocci, mas disse aos investigadores que ele próprio procurou o ex-ministro após o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso pela Lava-Jato, cobrar o executivo Márcio Faria, que também assinou acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. Segundo Marcelo, Vaccari teria pressionado pelo pagamento ao partido. No entanto, o ex-presidente disse a Palocci que a Odebrecht não havia sido favorecida na licitação e, por isso, o pagamento não seria realizado.
— Eu fui pro Palocci e falei: “Palocci, olha, veja bem. O Vaccari tá aí pedindo. Avisa que não tem nada a ver conosco. Eu não tenho nada a ver. A Odebrecht não vai pagar nada”. E deu-se esse assunto por encerrado em relação às sondas, no que tange a nossa parte — declarou Marcelo.
O pedido teria sido feito à OAS e à UTC, mas Marcelo informou que não sabe se o pagamento foi realizado.
BARUSCO INTERMEDIOU ACORDO
Também em depoimento, Márcio Faria disse que a cobrança do PT ocorreu depois do início da Lava-Jato e que por isso a empreiteira não teria pago a propina. Faria não disse aos investigadores que foi procurado por Vaccari. Ele declarou que Palocci cobrou Marcelo, mas o ex-presidente não sabia do acordo.
Faria contou que foi procurado por Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, depois da licitação. Barusco teria dito que as três empresas deveriam pagar, juntas, 1% do valor do contrato. O pagamento seria dividido: 65% para o PT e 35% para funcionários da Sete Brasi. Tempos depois, Barusco disse que um novo acordo estipulava que as empresas nacionais pagariam diretamente ao PT, e as estrangeiras à Sete Brasil.
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro anteontem, Palocci negou ter interferido em negócios que envolvessem a Odebrecht e a Sete Brasil. Afirmou também que o empresário não pediu para que sua empresa fosse favorecida na licitação.
O globo, n.30574 , 22/04/2017. País, p. 4