Em balanço de um ano, Temer vai destacar retomada da economia

Eduardo Barretto e Geralda Doca

12/05/2017

 

 

Presidente também pedirá empenho na aprovação das reformas

-BRASÍLIA- Em reunião ministerial para fazer o balanço de um ano de governo, na manhã de hoje, o presidente Michel Temer dirá que tem mais a comemorar do que a lamentar, graças aos sinais de retomada da economia. Apesar da popularidade em baixa, o governo avalia que há o que festejar e, por isso, Temer adotará um tom festivo no discurso de abertura do encontro. Ele vai destacar a melhora dos indicadores econômicos, como a queda da inflação e da taxa de juros, e o retorno dos investimentos, com a retomada dos leilões na área de infraestrutura.

O presidente também vai citar as reformas do ensino médio, a aprovação de um teto para os gastos públicos e pedirá empenho na aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. Argumentará que somente com ajustes na CLT e no sistema previdenciário o emprego voltará a crescer.

DISCURSO FÁCIL DE ENTENDER

Temer fará um discurso inicial e cada ministro fará um balanço de sua pasta em cerca de três minutos. O mote do evento será “Um ano de coragem, trabalho e avanços”. Além dos ministros, estarão presentes no evento dirigentes de estatais e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira.

Nas palavras de um assessor, o alicerce para a retomada da economia já está pronto e, agora, é só dar continuidade à obra — a construção da “ponte para o futuro”. Será um discurso rápido e fácil de entender, disse uma fonte, acrescentando que Temer também fará um “passeio” pelos problemas que o país está enfrentando e dos desafios para superá-los.

O governo também estreia uma nova estratégia de comunicação, buscando uma maior proximidade com os cidadãos. Para realçar os feitos do seu governo, antes do encontro, o presidente visitará, às 9h, uma agência da Caixa Econômica Federal, para mostrar o pagamento das contas inativas. O saque desses recursos foi uma espécie de presente para os trabalhadores, anunciado às vésperas do Natal, e que deve injetar R$ 40,3 bilhões na economia até julho, quando vence o cronograma.

Segundo fontes do Planalto, o alvo da virada na comunicação do governo será a mídia digital, especialmente as redes sociais. A avaliação é que essa área estava em segundo plano até então.

Depois da encontro, Temer fará um almoço de confraternização. Convidou para o evento deputados e senadores da base aliada.

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Cronograma da Previdência sai semana que vem

Cristiane Jungblut e Gabriela Valente 

12/05/2017

 

 

Maia promete anunciar calendário. Deputados defendem que limite seja o dia 13 de junho

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), deve anunciar na próxima semana o calendário de votação da reforma da Previdência pelo plenário da Casa. Entre os parlamentares, o que se diz é que a data-limite é 13 de junho, quando começam as festas juninas no Nordeste, especialmente.

Ao GLOBO, Maia já havia reagido ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que divulgou que a reforma da Previdência seria votada entre os dias 24 e 31 deste mês. Como resposta, o presidente da Câmara avisou que essa prerrogativa é da Câmara, e não do Palácio do Planalto.

— Vamos construir (uma data). Na semana que vem, passo a data para vocês — disse Maia.

O governo tem pressa, mas ainda não conta com os votos necessários. O ideal é ter 330 votos, já que são necessários pelo menos 308 para se aprovar uma proposta de emenda constitucional (PEC).

MEIRELLES: EFEITOS IMEDIATOS

Mesmo com o fim da etapa na comissão especial, na última terça-feira, ainda há resistências na base aliada, principalmente no PSDB. Os tucanos querem que, primeiro, o PMDB feche questão sobre o assunto.

Parlamentares defendem que o limite político é o início de junho. Deixar para o segundo semestre, na avaliação deles, faria com que a mobilização perdesse força.

— Tem que votar até dia 13 de junho, ou não vota — disse um deputado aliado.

Ontem pela manhã, Rodrigo Maia se reuniu com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e com o ministro Edson Fachin para discutir a segurança da Câmara durante os dias de votação. Fachin dera uma decisão a respeito, deixando claro que a Câmara precisa estar aberta.

— Toda vez que existe uma decisão do STF que tem relação com a Câmara, tento conversar. Vim trazer os fatos ocorridos, mostrando que nossa preocupação é garantir a integridade física, a ordem e a manutenção dos trabalhos. Há limite de espaço, inclusive — afirmou Maia, referindo-se à invasão da Câmara por um grupo de agentes penitenciários ocorrida na semana passada durante votação da reforma da Previdência na comissão especial.

Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem, em entrevista a emissoras de rádio, que o fato de existirem 14 milhões de pessoas desempregadas no Brasil é inaceitável. Segundo ele, para melhorar essa situação, é necessária a aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso Nacional.

O ministro enfatizou que, se houver grandes mudanças, o país terá de enfrentar uma nova reforma em poucos anos. Questionado sobre a possibilidade de mais mudanças durante a tramitação, Meirelles ressaltou que o texto que está no Congresso é o que deve ser aprovado.

— Se as mudanças forem pequenininhas, a reforma não vai fazer efeito — destacou.

Meirelles ressaltou que os efeitos serão sentidos imediatamente após a aprovação do texto e aumentarão gradativamente. Disse que a reforma não poderia ser feita apenas para quem não entrou no mercado de trabalho ainda, porque demoraria 40 anos para fazer efeito. De acordo com ele, até lá, o país já teria quebrado.

 

O globo, n. 30594, 12/05/2017. Economia, p. 22