STF NEGA A AÉCIO PEDIDO PARA QUE PRISÃO SEJA JULGADA PELO PLENÁRIO

Renata Mariz

18/06/2017

 

 

Ministro Marco Aurélio decide que caso ficará com a Primeira Turma

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, relator do inquérito que investiga o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), negou solicitação do tucano para que o pedido de prisão contra ele, formulado pela ProcuradoriaGeral da República (PGR), seja julgado pelo plenário da Corte e não pela Primeira Turma. Na decisão, Marco Aurélio afirma que “o desfecho desfavorável a uma das defesas é insuficiente ao deslocamento".

Na última terça-feira, o ministro informou que deverá levar o pedido da PGR a julgamento na próxima semana. No documento formulado ao STF, o advogado Alberto Toron, que defende Aécio Neves, afirma que a análise do pedido de prisão é uma questão “da mais alta relevância e gravidade” e que, por isso, o assunto deveria ser remetido ao plenário da Corte.

 

TENDÊNCIA É NEGAR PRISÃO

Com a negativa de Marco Aurélio, a Primeira Turma do STF se prepara para julgar o pedido de prisão do tucano com a tendência de rejeitálo, mas manter o afastamento do parlamentar do Senado. A defesa pede que ele retorne ao exercício do mandato, do qual foi afastado em maio por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato. A prisão e o afastamento foram pedidos, segundo a PGR, para evitar que Aécio atrapalhe as investigações sobre ele.

Conforme mostrou o GLOBO, a maioria dos ministros da primeira Turma está inclinada a manter a decisão tomada em maio pelo relator da Lava-Jato, Edson Fachin. Na ocasião, Fachin rejeitou o pedido de prisão e determinou o cumprimento de medidas cautelares: o afastamento, o impedimento de conversar com outros investigados e a proibição do senador de deixar o país. Essas medidas devem ser mantidas na Primeira Turma.

A Primeira Turma do STF é formada pelos ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Há menos de uma semana, o colegiado negou o pedido de habeas corpus de Andrea Neves, irmã de Aécio, presa desde o dia 18 de maio. Apenas Alexandre de Moraes e Marco Aurélio, relator do caso, votaram pela soltura. Foram vencidos pelos ministros Fux, Barroso e Rosa.

Aécio é investigado no inquérito em questão por acertar e receber, por intermédio de assessores, suposta vantagem indevida de R$ 2 milhões do frigorífico JBS. O empresário Joesley Batista, dono da empresa, fez gravações comprometedoras do senador. O caso do tucano estava inicialmente com Fachin, relator da Lava-Jato, mas foi distribuído novamente e caiu no gabinete de Marco Aurélio Mello. A redistribuição foi pedida, porque a investigação não tem relação com desvios na Petrobras, tema da Lava-Jato.

O novo pedido de prisão formulado por Rodrigo Janot, que será analisado na Primeira Turma do Supremo, foi reforçado com uma postagem de Aécio numa rede social em que aparece ao lado de aliados do PSDB com legenda “votações no Congresso e a agenda política”. Janot sustentou, com base na publicação, que o tucano continua exercendo atividade parlamentar, mesmo afastado por ordem judicial do Senado.

A defesa alegou que a PGR apresentou “fato novo" com a foto e pediu mais tempo para se defender do pedido de prisão. Mas Marco Aurélio negou, afirmando que o dado “poderá ser alvo de esclarecimentos da defesa a serem juntados ao processo, presente o princípio da ampla defesa". O ministro considera que o “fato novo" alegado não é “apto a influenciar a definição da questão de fundo" a ser julgada.

Alberto Toron, advogado do senador afastado, divulgou nota para afirmar que o deslocamento do pedido de prisão para o plenário do Supremo havia sido feito pela própria PGR e seguia “orientação dada pelo ministro Fachin”. “Ambos propuseram que a questão da prisão preventiva fosse julgada pelo pleno do Supremo Tribunal Federal”, destacou o advogado. Toron afirmou ainda que Aécio “reafirma seu respeito à decisão do ministro Marco Aurélio e a todos os integrantes da Primeira Turma, e reitera estar ao dispor da Justiça para prestar todos os esclarecimentos, confiante em que a correção de seus atos será comprovada”.

 

O globo, n.30631 , 18/06/2017. PAÍS, p. 6