Mantega pediu R$ 100 mi para campanha de Dilma, diz Marcelo

Alexandre Hisayasu/ Fabio Serapião/ Fábio Fabrini/ Rafael Moraes Moura/ Luiz Vassalo

13/04/2017

 

 

O empresário Marcelo Odebrecht afirmou que o então ministro da Fazenda Guido Mantega pediu R$ 100 milhões, em 2013, para a campanha presidencial de Dilma Rousseff, que disputou a reeleição no ano seguinte.

As declarações constam de vídeo de sua delação premiada.

 

Ontem, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou a gravação dos depoimentos de executivos e ex-executivos da construtora.

Marcelo afirmou que, em troca do apoio, Mantega atuou junto ao governo e ao Congresso para a aprovação de uma medida provisória para beneficiar a Braskem – empresa do grupo. A MP 613/13 foi aprovada pelo Congresso e sancionada por Dilma, em menos de um mês. O texto determinava a concessão de incentivos à produção de etanol e à indústria química, por meio de crédito presumido e redução de PIS/Pasep e Cofins.

Os repasses à campanha de Dilma ficaram, então, sob a responsabilidade da Braskem, uma vez que a construtora “já tinha gasto R$ 50 milhões na campanha do Eduardo Campos e estava comprometida com o Aécio (Neves)”. No vídeo, o delator disse que tinha total acesso a Mantega. Segundo Marcelo, quando eles se encontravam, Mantega sabia que conversava “com o grande doador” e ficava implícita a obrigação de um “trabalhar” em benefício do outro.

José Roberto Batochio, advogado de Mantega, disse que delação premiada em busca de redução de pena deve ser considerada com a “máxima reserva”.

 

Petrobrás. Marcelo disse que assumiu pagamentos de propina para o PMDB e o PT em troca de um contrato da área internacional da Petrobrás. Segundo ele, tanto Dilma como a ex-presidente da estatal Graça Foster foram informadas sobre os pagamentos.

Dilma teria dado a entender que queria saber se seu vice, Michel Temer, havia recebido repasses oriundos do contrato.

“Eu contei tudo que tinha contado pra Graça, contei pra ela. Presidenta, veja bem, não é justo o que Graça fez. Eu achava que ela queria saber se Michel estava envolvido... mas você percebe que ela queria instigar quem era a pessoa que estava recebendo isso”, afirmou Marcelo.

Procuradas, Graça e Dilma não foram localizadas.

Marcelo disse que não sabia o valor exato dos repasses a PMDB e PT, mas “foi relevante, R$ 10, R$ 20 milhões”.

A Braskem informou que assinou acordo de leniência em 2016 e coopera com as autoridades.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45103, 13/04/2017. Política, p. A6.