FHC defende ‘serenar ânimos’ e pede ‘tolerância’ na política

Valmar Hupsel Filho e Ricardo Galhardo

11/04/2017

 

 

 

Em um vídeo que será divulgado hoje nas redes sociais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso critica o antagonismo de “nós contra eles” na política, diz que o momento é de “serenar os ânimos” e prega a “aceitação do outro” em prol de melhorias para o Brasil.

“O que nós precisamos é de mais aceitação do outro, mais tolerância e ver o que dá para fazer em conjunto pelo País”, afirma ele no vídeo.

Mesmo pregando o diálogo, FHC diz que o PT é o responsável pela política do “nós contra eles”. E cita como consequência negativa o episódio em que o deputado Jean Wyllys (PSOLRJ) cuspiu no rosto do colega Jair Bolsonaro (PSC-SP).

“Veja no que deu essa tentativa no Brasil de jogar ‘nós contra eles’. Isso veio principalmente do pessoal do PT, mas agora se generalizou”, diz.

“Acho que chegou o momento no Brasil que nós precisamos, não é fazer um acordão de cúpula, mas serenar os ânimos e ver o que é que interessa a todos como um conjunto, como um país, um povo.” O assessor de Fernando Henrique Cardoso, Xico Graziano, disse que o vídeo foi motivado por cobranças que o ex-presidente recebeu nas redes sociais após afirmar que tanto Bolsonaro quanto Wyllys tinham “passado do limite” no episódio.

FHC, no entanto, gravou as declarações às vésperas de uma reunião inédita entre dirigentes do Instituto Fernando Henrique Cardoso e da Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT. A reunião será no dia 18 e vai discutir a pesquisa Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo, segundo a qual, para uma parcela significativa deste eleitorado, não existe o conceito de luta de classes, o Estado é visto como inimigo e os únicos caminhos para subir na vida são o mérito e o esforço pessoais.

 

Conversa. A abertura de um diálogo entre Fernando Henrique e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é objeto de esforço de interlocutores em comum desde janeiro, quando o tucano fez uma visita de cortesia à ex-primeira-dama Marisa Letícia no hospital. A possibilidade de que a reaproximação seja vista como uma tentativa de “acordão de cúpulas”, porém, é um dos entraves para o diálogo.

“Vejo com bons olhos. Neste clima de terra arrasada não vai ter outro jeito. Temos de falar sobre o que é caixa 2, como financiar as campanhas, quais serão as regras da política”, disse Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula.

“Mas tem de ficar bem claro desde o início que não é para abafar nada. Isso é um entrave que faz as pessoas desconfiarem”, completou.

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Alckmin afirma que Doria 'seria um ótimo candidato'

Juliana Diógenes e Adriana Ferraz

11/04/2017

 

 

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que o prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), “seria um ótimo candidato” ao governo estadual nas eleições de 2018. A declaração foi feita após reunião com o prefeito e secretários estaduais e municipais no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado.

Na semana passada, o prefeito paulistano admitiu pela primeira vez, em entrevista ao Estado, que pode deixar o cargo para se candidatar ao governo estadual no ano que vem. Doria vinculou a eventual candidatura a um pedido do governador, ao qual reforça a fidelidade sempre que confrontado com a possibilidade de uma candidatura a presidente da República.

Na avaliação da maioria dos moradores de São Paulo, Doria não deve abandonar o mandato para ser candidato nas eleições de 2018, segundo o Datafolha. A pesquisa divulgada no sábado mostrou que 55% dos moradores acham que ele deve cumprir seu mandato e ficar os quatro anos à frente da Prefeitura da capital.

Ontem, após se encontrar com o governador, João Doria apresentou na sede da Prefeitura um balanço dos seus 100 dias à frente da administração municipal.

 

População. O prefeito foi questionado se ouviria o apelo de Alckmin ou a população sobre uma possível candidatura ao governo do Estado. “Vou ouvir os dois. Tenho estima, admiração e respeito pelo governador Geraldo Alckmin.

E tenho lealdade também, essa é uma característica que tenho e vou manter, talvez diferentemente de outros, sou leal ontem e hoje”, afirmou. “Tenho de ouvi-lo, sim, e ouvir a população. Afinal, governamos para a população.

A população é que nos aprova, é que determina se estamos no caminho certo. E até aqui estamos.” Segundo o levantamento do Datafolha, 13% dos moradores acham que Doria deveria disputar a vaga para o governo estadual e outros 14%, para presidente da República.

Prefeito e governador já haviam encerrado suas falas na entrevista coletiva e passariam a palavra para o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, mas neste momento, já distante dos gravadores, Alckmin foi questionado se pretende pedir a Doria que saia candidato ao governo. Foi quando o governador disse que Doria “seria um ótimo candidato” e seguiu para a reunião seguinte. 

 

Tucanos. O governador Alckmin e o prefeito Doria após a segunda reunião entre secretários

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Prefeito de SP volta a criticar Lula e o PT em evento no Sul do País

Fabiana Cambricoli e Bianca Pinto Lima

11/04/2017

 

 

 

 

Doria afirma que o que chama de ‘descalabros’ dos governos nos últimos 13 anos foram motivação para que se candidatasse

 

 

Embora continue negando a intenção de disputar a eleição presidencial de 2018, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a criticar ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.

Em suas atividades públicas o tucano tem adotado o figurino do antipetista. Na palestra inaugural do 30.° Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, Doria fez um discurso exaltado e disse que fará o possível para evitar que o petista volte à Presidência.

“Vou usar toda a minha força como cidadão, como prefeito da cidade de São Paulo, sendo correto e honesto, para dizer: Lula, você não é o salvador de nada, você quase destruiu o Brasil.

Você não vai destruir outra vez o sonho do Brasil”, afirmou a uma plateia composta em sua maioria por empresários e estudantes, além de integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL).

Em clima de comício, ele afirmou que os “descalabros” dos últimos 13 anos de PT foram a motivação para que se candidatasse à Prefeitura de São Paulo e continuam sendo seu principal incentivo. “Temos de colocar a nossa força, nossa capacidade, nosso esforço coletivo para diminuir as distâncias sociais, porque daqui a dois anos este mesmo cidadão que quase destruiu o Brasil vai querer voltar.

Não!”, gritou o tucano.

Doria também fez referência aos filhos do ex-presidente, insinuando que eles ficaram “milionários da noite para o dia”. “Os meus filhos, ao contrário, vão aprender que é com trabalho que se conquista, não é com roubo, não é com usurpação, não é com presente de empreiteira.” Ao fim da palestra, ele voltou a provocar Lula, insinuando mais uma vez que vai visitar o petista na prisão em Curitiba, sede da primeira instância da Operação Lava Jato. 

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45101, 11/04/2017. Política, p. A5.