Jucá abre frente contra PGR e STF no Senado

Fernanda Krakovics e Maria Lima 

07/06/2017

 

 

No Conselho de Ética, líder do governo tenta exigir informações sobre colegas investigados

-BRASÍLIA- Com quatro senadores investigados na Operação Lavajato entre seus integrantes, o Conselho de Ética da Casa teve ontem sua primeira reunião do ano, na qual o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), abriu uma batalha contra a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Titular do Conselho e investigado na Lava-Jato, Jucá apresentou dois requerimentos ao presidente recém-eleito, João Alberto (PMDB-MA). O primeiro pede que sejam definidas as atribuições do Conselho e quais são as da PGR e STF no caso de denúncias e investigação de senadores. Um dos pontos em debate seria a quem cabe a decretação do afastamento do mandato, como aconteceu com o senador Aécio Neves (PSDBMG), cuja acusação de quebra de decoro deve ser o primeiro caso a ser deliberado no órgão.

O segundo requerimento de Jucá busca acesso a todos os autos e investigações sobre senadores na PGR e STF. No requerimento, Jucá pede que o comando do Conselho de Ética solicite à PGR e ao STF informações detalhadas sobre a relação de todos os senadores investigados na Lava-Jato ou outros inquéritos. Do novo conselho instalado ontem, são integrantes e investigados na Lava-jato, além de Jucá, Jader Barbalho (PMDB-PA), Eduardo Braga (PMDB-AM) e Gladson Cameli (PP-AC).

Jucá nega que os pedidos sejam para blindar investigados. Ele diz que é para dar celeridade:

— Existem na PGR inquéritos com mais de 15 anos sobre parlamentares, que não andam. Fica parecendo que a culpa é do foro privilegiado ou do Conselho de Ética. Esses dois requerimentos foram apresentados porque é patente a necessidade de esclarecer a situação dos processos e não se culpe o conselho pelo atraso nas investigações.

 

“EXPLORAÇÃO INDEVIDA”

Ele disse que não se sente inabilitado a participar do Conselho de Ética que irá julgar os casos de investigação da Lavajato, como é seu caso:

— Pelo contrário. Isso me dá condições de cobrar explicações.

Os requerimentos serão discutidos e deliberados na próxima reunião, ainda não marcada.

O vice-presidente eleito do Conselho de Ética, Pedro Chaves (PSC-MS), suplente do senador cassado Delcídio Amaral, defendeu os requerimentos apresentados por Jucá, mirando a atuação de PGR e STF nos processos de investigação de senadores:

— Há uma exploração indevida dessas investigações e colocam todos no mesmo saco.

 

O globo, n. 30620, 07/06/2017. País, p. 5