Rio sem maquiagem

Marcelo Crivella

25/07/2017

 

 

Fui eleito para cuidar das pessoas e não para fazer maquiagem. Herdamos uma situação financeira extremamente difícil, com um déficit de R$ 3,8 bilhões. O cancelamento de meio bilhão de empenho de material entregue, serviços prestados e obras feitas, assunto já publicado pelos jornais O GLOBO e “Folha de S.Paulo”, deixou a situação ainda mais delicada. Fomos forçados a tomar medidas drásticas, como a redução de 25% do valor dos contratos com fornecedores, o corte do número de secretarias, de 35 para 11, e de 1.500 cargos políticos.

Desde o primeiro dia de governo, trabalhamos para melhorar o atendimento à população no que ela mais necessita: a saúde. No primeiro semestre, reduzimos em 27,5% o tempo de espera para consultas. Só nos cinco primeiros meses do ano, foram realizadas mais 20 mil cirurgias, 10% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Retomamos as obras do BRT Transbrasil, o que vai melhorar a vida de milhares de trabalhadores, gerando seis mil empregos. Na segurança, a integração inédita da Guarda Municipal com a PM coibiu arrastões nas praias. Recentemente, iniciamos os estudos para a instalação de 450 mil lâmpadas de LED, o que vai gerar economia e contribuir para a sensação de segurança na cidade. Também renovamos com a Fecomércio-RJ o contrato de R$ 41 milhões para a continuação da Operação Centro Presente.

Essa realidade afeta de forma impiedosa o setor da educação: tiroteios matam nossas crianças até dentro das escolas. Por isso, firmamos parceria com a Cruz Vermelha, que oferecerá um curso para orientar nossos educadores sobre como proceder em situações de conflito. Apesar das dificuldades, convocamos 300 agentes de apoio à educação especial, concursados desde 2012, e contratamos dois mil médicos e 900 professores.

Reabrimos o Restaurante Popular de Campo Grande e, até o fim do ano, vamos reinaugurar os de Bonsucesso e Bangu. Os três garantirão boa alimentação à população de baixa renda, com 176 mil refeições/mês (R$ 0,50 o café da manhã eR$ 2 o almoço).

Na maior recessão da nossa história, estamos ordenando o comércio ambulante, mas reconhecemos que os 450 mil desempregados precisam sobreviver. Buscar o equilíbrio entre esses dois fatores é estar atento ao nosso grave quadro social. Sensível a isso, impedimos o aumento das passagens de ônibus até que uma auditoria seja feita nas empresas, uma importante vitória conquistada na Justiça. Não concedemos o reajuste do pedágio na Linha Amarela, que só foi obtido pela concessionária através de uma liminar, e isentamos a cobrança de motocicletas.

As obras desse governo serão destinadas a quem mais precisa. Após lançarmos o Procedimento de Manifestação de Interesse, 12 empresas formalizaram a intenção de realizar os projetos de urbanização da comunidade de Rio das Pedras, onde será feita uma PPP. Esse mesmo modelo está sendo planejado para o Centro, o que me levou à Rússia para conhecer os modelos bem-sucedidos naquele país. E já assinamos quatro chamamentos públicos para construir em terreno da prefeitura, na região do Porto Maravilha, unidades do Minha Casa Minha Vida. O projeto será financiado pela Caixa.

No turismo, garantimos o repasse de R$ 13 milhões para as escolas de samba, a ser pago até novembro. O presidente da Liesa comemorou o resultado das negociações e agradeceu “a sensibilidade da prefeitura”.

Seguiremos enfrentando os desafios com austeridade e responsabilidade, sem Lava-Jato e sem propina, mas com fé e esperança, compromissos de uma gestão humana e voltada, sobretudo, a cuidar das pessoas.

 

O globo, n. 30668, 25/07/2017. Artigos, p. 15