Título: Passaporte brasileiro para ver Mickey
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Fonte: Correio Braziliense, 23/12/2011, Mundo, p. 19

Filho mais velho do ditador norte-coreano Kim Jong-il, morto no último sábado, Kim Jong-nam teve seu nome cortado da lista sucessória após ser flagrado tentando entrar no Japão usando documento falso, em 2001. Sabe-se agora que seu irmão caçula, Kim Jong-un, o novo líder norte-coreano, visitou Tóquio secretamente durante a infância, apresentando um passaporte brasileiro. Segundo o jornal japonês Yomiuri Shimbun, a viagem ocorreu quando Jong-un tinha aproximadamente 8 anos. O menino teria visitado a Disneylândia em companhia de outra criança, aparentemente o irmão mais velho Jong-chul.

Segundo o jornal, os dois garotos entraram no Japão em 12 de maio de 1991 e partiram 11 dias depois. Ambos teriam apresentado passaportes brasileiros verdadeiros, com identidade falsa. Segundo a reportagem, que cita fontes dos serviços secretos, os irmãos obtiveram vistos japoneses em Viena. Jong-un teria se passado por Joseph Pak. O jornal assinala que os recibos dos cartões de crédito mostram que eles "provavelmente" visitaram a Disneylândia, nos subúrbios de Tóquio.

Filho do primeiro casamento do ditador, Jong-nam, hoje com 40 anos, foi expulso do Japão em 2001 ao tentar entrar no país com um passaporte dominicano falso. Na época, ele declarou aos funcionários da imigração que desejava visitar a Disney.

A vida de Kim Jong-un, cujo rosto era totalmente desconhecido há apenas um ano, é rodeada de mistério. Ignora-se particularmente a data de seu nascimento. Especula-se que ele tenha entre 28 e 30 anos. Jong-un e Jong-chul são filhos do ditador com a terceira mulher, Ko Yong-hi, uma bailarina coreana nascida no Japão, que morreu com câncer de mama em 2004.

Homenagens Apenas três dias após assumir o comando do país, Jong-un recebeu ontem elogios da imprensa oficial, que o tratou como "Grande Sol", título reservado até o momento apenas ao pai e ao avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte comunista. Ontem, a rede de televisão estatal transmitiu imagens de longas filas de civis e militares que marchavam diante do caixão, prestando homenagens ao ex-líder.

Os Estados Unidos destacaram a intenção de dialogar com Pyongyang após o período de luto, que se prolongará até 29 de dezembro, um dia depois do funeral de Kim Jong-il. A Coreia do Sul também deseja diminuir as tensões com o vizinho.