Título: Ênfase na obtenção de provas
Autor: Edson Luiz
Fonte: Correio Braziliense, 26/12/2011, Política, p. 4

A Polícia Federal (PF) diminuiu suas operações em 2011 em relação a anos anteriores e dedicou-se a uma gama mais ampla de crimes do que o combate à corrupção, o foco nos quatro primeiros anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O foco da PF em 2011 foi principalmente o tráfico de drogas, especialmente a maconha, que entrou em grandes quantidades no Brasil pelas fronteiras — quase 80% do total veio do Paraguai. Além disso, neste ano surgiram novas rotas, sobretudo no Rio Grande do Sul, onde houve vários casos de apreensão de drogas. O norte do país continuou a ser área de trânsito do chamado tráfico formiguinha: pessoas pobres são contratadas para transportar pequenas quantidades de cocaína até cidades em outras regiões do país.

A queda no número de operações especiais, feitas com extenso planejamento, tem sido constante nos últimos três anos. Em 2008, foram realizadas 235 ações de grande porte, levando para a cadeia 2.475 pessoas, sendo que 396 eram servidoras públicas. No ano seguinte, o número de operações subiu para 288, mas o de funcionários públicos detidos caiu para 183.

A partir de então, a PF redirecionou seu foco, passando a dar mais ênfase à investigação prolongada. A meta era evitar que, ao chegar o inquérito na Justiça, ele fosse contestado. Em 2011 foram presos 164 funcionários das administrações federal, estadual e municipal, contra 124 em 2010. Muitos deles, porém, por outros tipos de crime, como aconteceu em Goiás, onde 19 policiais militares foram detidos na Operação Sexto Mandamento, acusados de formação de grupos de extermínio.

Em 2010, a Polícia Federal levou para a cadeia 2.734 pessoas, 1.400 a mais que em 2011. Isso representa o menor número de detenções realizadas em quatro anos. O volume de operações deste ano – 219 ações – também é inferior 2008, quando foram realizadas 235 operações.