Dilma conspirou contra Lava Jato, afirma casal

Beatriz Bulla / Breno Pires / Rafael Moraes Moura / Fábio Fabrini

12/05/2017

 

 

EX-PRESIDENTES SOB SUSPEITA - Ex-marqueteiros do PT dizem ao Ministério Público que a então presidente os manteve informados sobre avanços da operação e avisou de prisão na véspera

 

 

 

O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, afirmaram ao Ministério Público Federal (MPF) em delação premiada que a presidente cassada Dilma Rousseff manteve o casal informado sobre a Operação Lava Jato entre 2014 e 2016. Eles eram avisados por telefone e email sobre o andamento das investigações.

Segundo a delação, na véspera da prisão do casal, a petista alertou os dois sobre os mandados.

Mônica disse aos procuradores que Dilma ligou para a República Dominicana, onde o casal estava, para avisar Santana que eles seriam presos. Segundo a empresária, Dilma tinha informações privilegiadas por meio do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

O casal também falou sobre a preocupação de Dilma com o avanço das investigações. Esse trecho da delação foi incluído pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito já em andamento no qual Dilma é investigada por tentativa de obstruir a Justiça.

As conversas sobre as investigações teriam começado em 2014. Mônica disse que estava de férias em Nova York, em novembro daquele ano, quando precisou retornar a Brasília para conversar com Dilma. Segundo o relato, a então presidente “estava preocupada que as investigações chegassem à conta da Suíça”.

 

‘Perigo’. De acordo com Mônica, a descoberta da conta, para Dilma, “a colocaria em perigo, porque sabia que a Odebrecht tinha realizado o pagamento de suas campanhas através de depósitos de propinas”. Segundo a empresária, Dilma disse que precisava manter contato frequente de forma segura.

Com apoio de Giles Azevedo, assessor especial da petista, a empresária então criou uma conta, com dados fictícios, usando senha compartilhada entre as duas para tratar dos avanços da Lava Jato. As mensagens escritas pela petista ficariam na caixa de rascunhos, para não circular, e Mônica acessaria a conta.

Como prova, a delatora entregou contas de e-mail, passagem aérea e seu notebook. Santana disse ainda que Dilma recomendou que o casal permanecesse o maior tempo no exterior.

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Dilma conspirou contra Lava Jato, afirma casal

Beatriz Bulla / Breno Pires / Rafael Moraes Moura / Fábio Fabrini

12/05/2017

 

 

EX-PRESIDENTES SOB SUSPEITA - Ex-marqueteiros do PT dizem ao Ministério Público que a então presidente os manteve informados sobre avanços da operação e avisou de prisão na véspera
 

 

O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, afirmaram ao Ministério Público Federal (MPF) em delação premiada que a presidente cassada Dilma Rousseff manteve o casal informado sobre a Operação Lava Jato entre 2014 e 2016. Eles eram avisados por telefone e email sobre o andamento das investigações.

Segundo a delação, na véspera da prisão do casal, a petista alertou os dois sobre os mandados.

Mônica disse aos procuradores que Dilma ligou para a República Dominicana, onde o casal estava, para avisar Santana que eles seriam presos. Segundo a empresária, Dilma tinha informações privilegiadas por meio do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

O casal também falou sobre a preocupação de Dilma com o avanço das investigações. Esse trecho da delação foi incluído pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito já em andamento no qual Dilma é investigada por tentativa de obstruir a Justiça.

As conversas sobre as investigações teriam começado em 2014. Mônica disse que estava de férias em Nova York, em novembro daquele ano, quando precisou retornar a Brasília para conversar com Dilma. Segundo o relato, a então presidente “estava preocupada que as investigações chegassem à conta da Suíça”.

 

‘Perigo’. De acordo com Mônica, a descoberta da conta, para Dilma, “a colocaria em perigo, porque sabia que a Odebrecht tinha realizado o pagamento de suas campanhas através de depósitos de propinas”. Segundo a empresária, Dilma disse que precisava manter contato frequente de forma segura.

Com apoio de Giles Azevedo, assessor especial da petista, a empresária então criou uma conta, com dados fictícios, usando senha compartilhada entre as duas para tratar dos avanços da Lava Jato. As mensagens escritas pela petista ficariam na caixa de rascunhos, para não circular, e Mônica acessaria a conta.

Como prova, a delatora entregou contas de e-mail, passagem aérea e seu notebook. Santana disse ainda que Dilma recomendou que o casal permanecesse o maior tempo no exterior.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45132, 12/05/2017. Política, p. A5.