Isabela Bonfim
30/05/2017
Às vésperas de uma reunião que pode tirá-lo da liderança do PMDB do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) fez ontem elogios ao presidente Michel Temer e à bancada do partido pela nomeação de Torquato Jardim para o Ministério da Justiça.
Em discurso na tribuna, Renan deixou de lado as críticas recorrentes ao governo e cumprimentou o presidente pela troca de comando na Justiça. Hoje, a bancada formada 22 senadores decide se ele continua à frente do PMDB na Casa.
“Cumprimento o presidente Michel Temer pela nomeação de um ministro da Justiça digno do nome, que pode exercer neste momento difícil papel de interlocução na vida nacional.” Renan também agradeceu a visita de Temer ao seu Estado, anteontem. “Agradeço ao presidente da República por sua ida a Alagoas em um momento em que os alagoanos se desesperavam com a enchente”, disse.
O senador também procurou afastar boatos de que poderá tentar dificultar a tramitação da reforma trabalhista. Um posicionamento diferente do adotado na semana anterior, quando indicou que, com a prerrogativa de líder, poderia fazer modificações na composição dos peemedebistas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), na qual será votado o projeto.
Reunião. Na quinta-feira passada, 14 dos 22 senadores do PMDB se reuniram para discutir a possibilidade de afastamento de Renan da liderança da bancada. Os parlamentares haviam se reunido mais cedo com o presidente Michel Temer, quando a questão também foi debatida.
Uma nova reunião ficou agendada para a tarde de hoje. O expresidente do Senado disse que não tem receio da decisão da bancada. “Não temo nada. É fundamental que a bancada converse, estabeleça as diretrizes e as prioridades e decida o que quer fazer. A bancada, e não o governo”, ironizou.
Para chegar a um acordo e se manter na liderança, Renan deve propor uma atuação menos conflituosa à frente da bancada. A solução seria ele se abster de falar pelo PMDB em matérias mais polêmicas, como as reformas.
Manso. Senador adota postura menos conflituosa
Em pauta
Relator da ação sobre o foro privilegiado, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ontem que o caso deverá ser julgado pelo plenário da Corte amanhã.
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Julia Affonso
30/05/2017
Os oito candidatos à sucessão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disseram ontem que, se eleitos, manterão preservada a Lava Jato. A promessa foi feita no primeiro debate promovido pela Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) antes da formação da lista tríplice para o cargo.
No fim de junho, mais de 1.200 membros do Ministério Publico Federal votarão em três dos oito candidatos. Concorrem os subprocuradores-gerais Carlos Frederico Santos, Eitel Santiago, Ela Wiecko, Franklin Rodrigues da Costa, Mario Bonsaglia, Nicolao Dino, Raquel Dodge e Sandra Cureau.
Bonsaglia afirmou que, se eleito, vai garantir a continuidade da Lava Jato. “Manterei todo o apoio à força-tarefa de Curitiba.” Raquel prometeu “firmeza para prosseguir contra a corrupção”.
“Tenho um compromisso em apoiar o enfrentamento da corrupção e a Lava Jato.” Dino, vice-procurador eleitoral, lembrou que a corrida à cadeira de Janot ocorre em um momento “de grande tensão”.
“A Lava Jato continua e continuará sempre e deve ser assim, independentemente de quem vier a ser o procurador-geral.” “A Lava Jato de Curitiba desenvolve um trabalho espetacular”, disse Santos. Eitel e Costa também defenderam a investigação.
Sandra Cureau se comprometeu a continuar e aprimorar a Lava Jato e “todas as operações que se sucederem”. Ela Wiecko mencionou a Lava Jato em vídeo enviado aos colegas.
A prerrogativa de indicar o procurador-geral da República é do presidente Michel Temer.
O Estado de São Paulo, n. 45150, 30/05/2017. Política, p. A8