Turma do STF mantém prisão de Andrea Neves

Isadora Peron/ Breno Pires

14/06/2017

 

 

Marco Aurélio defendeu soltura de irmã de Aécio, mas foi vencido por Barroso, Rosa e Fux

 

 

Por três votos a dois, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal negou ontem o pedido de liberdade de Andrea Neves, irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDBMG), presa desde o dia 18 de maio pela Operação Patmos.

Após o ministro Marco Aurélio Mello, relator do agravo, e Alexandre de Moraes votarem pela revogação da prisão preventiva, o ministro Luís Roberto Barroso abriu divergência e foi seguido por Rosa Weber e Luiz Fux.

Ao proferir seu voto contra a soltura, Barroso disse que, em meio à “maior operação anticorrupção já revelada no País”, Andrea e Aécio procuraram o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, para pedir R$ 2 milhões para, segundo eles, pagar as despesas dos advogados de Aécio na Lava Jato.

Para o ministro, depois do mensalão e de três anos de força- tarefa, o modus operandi dos políticos parece continuar o mesmo. Enquanto Barroso votava, Marco Aurélio disse que a sociedade “chegou ao limite da indignação” e, por isso, “quer sangue”.

“Às vezes, como juiz, não podemos proporcionar o que ela pretende”, afirmou. “Certamente que não”, disse Barroso.

“O clamor público jamais será suficiente para condenação ou decretação de prisão. Mas provas abundantes e contundentes certamente sim”, afirmou.

Em seu voto, Marco Aurélio havia defendido a prisão preventiva como instrumento de “natureza excepcional”. Rosa e Fux destacaram em seus votos que a decisão pode ser revista, mas que, por ora, a permanência de Andrea na prisão era necessária para garantir o curso das investigações.

 

‘Vítima’. Em nota, Aécio disse que sua irmã “jamais foi responsável por algum tipo de iniciativa ilícita ou que oferecesse obstrução a quaisquer procedimentos por parte da Justiça”. “Minha irmã é vítima de um plano criminoso montado minuciosamente por Joesley Batista para conseguir junto à PGR (Procuradoria- Geral da República) o benefício da impunidade penal.” Segundo ele, a defesa de Andrea já analisa “medidas cabíveis para buscar a soltura”. Na defesa encaminhada ao Supremo, a defesa de Andrea argumentou que ela não poderia ter sido presa por eventuais ilícitos cometidos por seu irmão. / COLABORARAM THIAGO FARIA, JULIA LINDNER e ISABELA BONFIM

 

Relator. Ministro Marco Aurélio votou pela revogação da prisão

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45165, 14/06/2017. Política, p. A5.