Sob pressão, PSDB adia decisão sobre desembarque

Pedro Venceslau, Renan Truffi e Isabela Bonfim

08/06/2017

 

 

GOVERNO SOB INVESTIGAÇÃO / Tasso Jereissati, presidente da sigla, afirma que ‘não vai parar de ter fato novo’ sobre Temer, o que pode ir ‘mudando a cabeça de deputados e senadores’

Em mais uma investida para tentar impedir o desembarque do PSDB do governo Michel Temer, emissários do presidente e ministros tucanos estão pressionando os deputados do partido que defendem o rompimento com o Palácio do Planalto, os chamados “cabeças pretas”, a recuar do movimento.

O PSDB chegou a convocar líderes tucanos do País inteiro para uma plenária ontem em Brasília que deveria ter selado a posição da legenda, mas o encontro foi adiado para segunda-feira por receio de um “rompimento precoce”.“ Nem Mãe Dinah adivinharia o resultado da reunião”, disse ao Estado Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB na Câmara, citando a vidente.

Em caráter reservado, os parlamentares da sigla avaliam que, apesar dos telefonemas e apelos, existe hoje uma maioria favorável ao desembarque. Mas a aposta dos “cabeças brancas” – como são chamados os caciques do partido, contrários ao desembarque – é de que o humor da bancada deve mudar se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolver Temer no julgamento da chapa Dilma Rousseff- Temer, reeleita em 2014.

Ao justificar o adiamento, o senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, foi taxativo ao dizer que segunda- feira é o prazo limite para uma decisão. “Não precisamos ter cargo e ministério para apoiar as reformas”, afirmou.

O dirigente também comentou o fato de Temer, quando era vice-presidente, ter viajado em jatinho da JBS em 2011.“Não vai parar de ter fato novo e isso vai mudando a cabeça de deputados e senadores”, disse Tasso.

Dos quatro ministros do PSDB procurados, apenas Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores), foi localizado. Ele disse que “não está pressionando ninguém” e que “cada um é dono de sua vida”. Os demais ministros são Bruno Araújo (Cidades), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).

Tasso está sofrendo pressão “dos dois lados”. Enquanto ministros e caciques querem permanecer ao lado de Temer, a base do partido nos Estados defende a entrega de todos os cargos no governo. Para tentar dar um caráter institucional à decisão, ele ampliou o “colégio eleitoral” que se reunirá na segunda-feira.

Tasso convocou as bancadas no Congresso e todos os presidentes estaduais do PSDB.

Pelo menos dois diretórios tucanos – do Rio e do Rio Grande do Sul – se posicionaram em defesa do desembarque do governo.

São Paulo caminhava para nesse sentido, mas uma plenária do partido na segunda- feira passada acabou sem que o tema fosse encaminhado para votação, após um discurso inflamado do prefeito João Doria contra o rompimento com Temer. / COLABOROU/THIAGO FARIA

Dirigente. ‘Não precisamos ter cargo eministério para apoiar as reformas’, afirma Tasso

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Joaquim Barbosa admite possibilidade de ser candidato 

 

Breno Pires e Isadora Peron

08/06/2017

 

 

‘Decisão está na minha esfera de deliberação’, diz ex-ministro do STF; ele afirma que conversou com Marina Silva e PSB

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa admitiu a possibilidade de se candidatar à Presidência da República. Após solenidade na Corte, ontem, quando foi apresentado o retrato dele na galeria de ex-presidentes do STF, Barbosa disse que está refletindo sobre o assunto e não ignora as pesquisas eleitorais. Afirmou ainda que já conversou coma ex-ministra Marina Silva, articuladora da Rede, e o PSB,  mas declarou não saber“ se decidiria dar este passo”.

“Eu sou um observador atento da vida brasileira. Portanto, a decisão de me candidatar ou não está na minha esfera de deliberação.

Só que eu sou muito hesitante em relação a isso. Não sei se decidirei positivamente neste sentido”, afirmou.

Segundo Barbosa, houve conversas sobre uma possível candidatura, mas sem compromisso com qualquer legenda. “Já conversei com líderes de partidos políticos. Ano passado, tive conversas com Marina Silva. Mais recentemente, tive conversas, troca de impressões, com a direção do PSB.

Mas nada de concreto em termos de oferta de legenda para candidatura.” O comentário de Barbosa veio em meio a uma série de críticas sobre o meio político, com foco no Executivo e Legislativo.

“Passamos por um momento tempestuoso da política nacional, em que os dois Poderes que representam a soberania popular, nossos representantes eleitos, não cumprem bem sua missão constitucional.

O tema “presidenciabilidade” foi trazido pelo ministro Luís Roberto Barroso, a quem coube fazer o discurso em homenagem a Barbosa.

Barroso citou especulações que apontam o ex-ministro como presidenciável.

Segundo Barroso, Barbosa ajudou a quebrar o paradigma “de que pessoas de bem-estar na vida jamais seriam presas”, por meio da condução do mensalão, processo do qual o ex-ministro foi relator.

Galeria. Barbosa e Cármen Lúcia durante solenidade no STF

 

O Estado de São Paulo, n. 45159, 08/06/2017. Política, p. A13