Temer oferece jantar para encerrar crise com DEM

Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto

20/07/2017

 

 

Em um novo capítulo da tentativa de aparar arestas da disputa frustrada pelos dissidentes do PSB, os aliados DEM e PMDB voltaram a se reunir ontem, durante jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente Michel Temer. Temer levou os ministros mais próximos, dos gabinetes do Planalto, além dos representantes do DEM no seu governo, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), contou com o reforço do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM-BA). Na terça-feira, numa reação que o presidente do DEM, Agripino Maia (RN) considerou exagerada e pediu para baixarem a bola, um grupo de políticos do DEM, liderado pelo presidente da Câmara, exigiu explicações de Temer e do PMDB sobre uma rasteira que tentaram dar no Democratas. Temer foi à casa da líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS), e sabendo que os dissidentes do partido de Eduardo Campos e Miguel Arraes negociavam migração para o DEM, teria lembrado que o PMDB também é uma alternativa. Temer negou, o líder do governo no Senado, Romero Jucá, explicou a conversa para o presidente do DEM, mas o grupo da Câmara continuou irritado. O presidente foi pessoalmente à residência oficial do presidente da Câmara para conversar sobre o assunto, na terça-feira, e ontem foi a vez de o presidente da Câmara ir à residência oficial do presidente da República. Além de Maia, compareceram ao jantar, ontem, na casa de Temer, os ministros da Educação, Mendonça Filho, da Secretaria do Governo, Antônio Imbassahy, e da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, que na véspera testemunharam a conversa de Temer com Rodrigo. O prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto, que trabalha em conjunto com Maia para atrair os dissidentes do PSB para o DEM, também compareceu ao jantar de ontem.

Segundo Mendonça Filho, o jantar estava previsto desde a semana passada e não foi marcado para conter as divergências que, de acordo com ele, já estariam superadas, entre PMDB e DEM. Oficialmente, o encontro seria para discutir problemas que terão que ser enfrentados pela prefeitura de Salvador, bem como as questões mais candentes da situação de falência do Rio, que mobiliza Rodrigo Maia. O presidente Temer, segundo auxiliares, quer evitar tensões despropositadas entre o DEM e o PMDB que venham a atrapalhar a aliança para votação de projetos de interesse do governo. Os ministros do Planalto e os ministros do DEM, além dos líderes do governo no Congresso, passaram o dia ontem declarando superado o incidente entre os dois partidos. O encontro da noite de ontem foi preparado também ao longo de todo o dia. Temer manteve contato com o DEM já pela manhã, quando recebeu o vice-líder da legenda na Câmara, deputado Pauderney Avelino (DEM-AM). O parlamentar, ao sair do Palácio, definiu o problema como "artificial" e considerou a crise entre Maia e Temer superada. "Foi artificial, é página virada", afirmou Avelino.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4301, 20/07/2017. Política, p. A9.