HENRIQUE GOMES BATISTA
20/09/2017
O presidente Michel Temer não mencionou a crise política no Brasil no seu discurso de abertura da sessão de debates da 72ª Assembleia Geral da ONU, mas aproveitou para tentar passar uma imagem de retomada da economia, com foco nas reformas.
— Com reformas estruturais, estamos superando uma crise econômica sem precedentes. Estamos resgatando o equilíbrio fiscal. E, com ele, a credibilidade da economia. Voltamos a gerar empregos. Recobramos a capacidade do Estado de levar adiante políticas sociais indispensáveis em um país como o nosso — disse Temer. — O novo Brasil que está surgindo das reformas é um país mais aberto ao mundo — acrescentou.
O peemedebista divulgou também novos dados sobre redução de desmatamento da Amazônia que são corretos, mas sem contextualização.
— Os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região (amazônica). Retomamos o bom caminho e persistiremos — afirmou Temer, cuja política ambiental tem sofrido críticas.
Apesar do dado de redução de 20% no desmatamento ser verdadeiro, a análise depende de outros fatores porque o resultado ocorre sobre forte alta registrada no ano passado. Ou seja, o desmatamento segue longe do mínimo histórico. O Imazon, que monitora a situação da Floresta Amazônica, apresentou, em julho, valores semelhantes ao desmatamento registrado em julho de 2016. O período entre julho e outubro é o de maior frequência de desmatamento na região devido à menor incidência de chuvas.
Temer também criticou, indiretamente, parte das políticas defendidas atualmente pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que discursou imediatamente após ele.
— Recusamos os nacionalismos exacerbados. Não acreditamos no protecionismo como saída para as dificuldades econômicas — disse Temer.
O presidente voltou a defender a reforma da ONU, inclusive a do Conselho de Segurança, um dos principais pleitos do Brasil. O presidente lembrou que o país é um dos proponentes da resolução negociada por 122 países contra o uso de armas nucleares, que não tem adesão das potências militares, e criticou a Coreia do Norte:
— Os recentes testes nucleares e de missilísticos na Península Coreana constituem grave ameaça. O Brasil condena, com toda a veemência, esses atos. É urgente definir encaminhamento pacífico para situação cujas consequências são imponderáveis. No fim, o presidente falou da Venezuela: — Estamos ao lado do povo venezuelano. Na América do Sul, já não há mais espaço para alternativas à democracia.
Após o seu discurso — historicamente o presidente brasileiro sempre abre a sessão de debates da Assembleia Geral das Nações Unidas —, Temer foi ao plenário para ouvir o discurso de Trump. O presidente participou, depois, de reuniões bilaterais.