O globo, n.30727 , 22/09/2017. ECONOMIA, p.24

Para Meirelles, inflação baixa vai ajudar na retomada do PIB

HENRIQUE GOMES BATISTA

 

 

Segundo ministro, crescimento está fundamentado no consumo

 

-NOVA YORK- O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem em Nova York que a inflação baixa no Brasil, inferior ao centro da meta (nos últimos 12 meses, o IPCA, índice de referência do governo, acumula alta de só 2,46%), facilitará a retomada do crescimento, pois há grande capacidade ociosa na economia.

— Muitos (investidores) me perguntaram sobre a retomada (da economia). Disse que ela está fundamentada no consumo, motivado pela baixa inflação — afirmou o ministro, após participar de almoço com gestores que administram US$ 12 trilhões de dólares de investimentos pelo mundo.

 

‘VIÉS DE ALTA’ PARA O PIB

Segundo Meirelles, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e riquezas produzidas pelo país ao longo de um ano) está com “viés de alta”. E destacou os números apontados pelo Banco Central no relatório de inflação — estimativa de 0,7% para a expansão do PIB este ano e de 2,2% em 2018:

— O fato concreto é que está havendo uma revisão para cima. Esse 0,7% está começando a se tornar um consenso (entre analistas do mercado). Para alguns, até quase como um piso das projeções. Mas esse é um bom numero. E esse numero de 2,2% para o ano que vem também.

Sobre a venda de ativos do governo, Meirelles disse que a abertura de capital dos Correios pode ser uma boa solução para a estatal. Mas que também está em estudo uma privatização dos Correios.

— Como os Correios têm vários aspectos monopolistas, tem que ser olhado com muito cuidado essa questão (da privatização). Existem outros países que já fizeram isso de forma bem sucedida. Evidente que essa questão está cada vez menos relevante, pois, no caso de encomendas, cada vez mais há empresas privadas, inclusive estrangeiras, no mercado, e isso é favorável à concorrência.

Ele afirmou que, apesar do ganho que isso pode gerar no caixa do governo a curto prazo, o mais importante, no caso das privatizações, são os efeitos a longo prazo, como o aumento de investimento e da eficiência na economia brasileira. Ele disse que ainda não há decisão sobre o futuro da Infraero, lembrando que a estatal é importante para muitas regiões que possuem pequenos aeroportos deficitários.