O Estado de São Paulo, n. 45233, 21/08/2015. Política, p.A8

 

 

 

Bolsonaro é líder em número de interações no Facebook

Entre nove potenciais candidatos a presidente, deputado é o que gera mais reações e compartilhamentos
Por: José Roberto de Toledo / Daniel Bramatti

 

José Roberto de Toledo

Daniel Bramatti

 

Jair Bolsonaro (PSC-RJ) lidera a corrida presidencial em interações no Facebook. De nove nomes cotados para concorrer em 2018, o deputado e militar aposentado tem a página que gera mais compartilhamentos, comentários e reações na segunda mídia social mais popular entre os brasileiros (a primeira é o WhatsApp). Segundo o Ibope Inteligência, 86% têm o aplicativo do Facebook no celular.

Analisando-se os dados da ferramenta Crowdtangle, do próprio Facebook, a página oficial de Bolsonaro registrou 93,4 milhões de interações com usuários desde janeiro de 2014 – ano a partir do qual as páginas de políticos se popularizaram. Em segundo lugar aparece a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 66,4 milhões de interações. Ronaldo Caiado (DEM-GO) fica em terceiro, com 62,4 milhões.

Levando-se em conta os dados acumulados desde maio, o ranking tem uma mudança importante. Bolsonaro permanece como líder, com 13,3 milhões de interações, mas João Doria (PSDB) aparece em segundo lugar, com 12 milhões, bem à frente de Lula, em terceiro, com 6,4 milhões. A página do prefeito paulistano só passou a ser relevante a partir de janeiro deste ano. Já o pico de Lula foi em setembro de 2014, na campanha de Dilma Rousseff.

 

Regularidade. Desde 2014, Bolsonaro liderou o ranking mensal de interações em 18 meses, e nos demais manteve-se em segundo ou terceiro lugar. Há dois motivos para isso. A página do deputado tem mais seguidores do que as de todos os seus rivais desde março de 2016. Atualmente são 4,5 milhões, contra 3 milhões da de Lula (em segundo lugar).

A popularização da página de Bolsonaro é mais constante e orgânica do que a da maioria dos rivais, que registram crescimentos abruptos de um mês para o outro e pouco crescem depois – indício de que foram “bombadas” profissionalmente.

O segundo motivo por trás do sucesso de Bolsonaro no Facebook é o uso intensivo de vídeos. Nenhum outro presidenciável publicou mais vídeos do que ele. Foram 1,2 mil em três anos e meio, que foram assistidos 740 milhões de vezes. É metade de todas as visualizações obtidas pelos 827 vídeos que Donald Trump publicou no mesmo período. Mas o presidente dos Estados Unidos têm cinco vezes mais seguidores do que Bolsonaro no Facebook.

Além disso, a página de Bolsonaro é tricampeã em interações no acumulado desde janeiro de 2014. Ela provocou mais reações (64 milhões), originou mais comentários (5,7 milhões) e foi mais compartilhada (24 milhões de vezes) do que as de todos os demais presidenciáveis.

 

Reações. Parte das reações e dos comentários é negativa, de pessoas que jamais votariam em Bolsonaro. Mesmo assim, esses números indicam que o deputado tem uma base militante das mais digitalmente aguerridas. Se ele conseguirá transformar essa liderança virtual em votos na urna só se saberá em outubro de 2018, mas muitos dos seus rivais pagariam para ter o que ele já conseguiu realizar no Facebook.

 

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Encontro de Aécio com Temer causa crise no PSDB paulista

Por: Paula Reverbel / Pedro Venceslau

 

Paula Reverbel

Pedro Venceslau

 

O presidente do PSDB na cidade de São Paulo, vereador Mario Covas Neto, divulgou ontem uma nota oficial criticando a presença do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado da sigla, em reuniões públicas e abriu uma nova crise entre os tucanos.

“A presença de Aécio Neves hoje, em reuniões internas ou públicas, só nos causa desconforto e embaraços. Prove sua inocência, senador, e aí, sim, retorne ao partido”, disse o comunicado. Covas Neto disse também que o único que pode falar em nome do PSDB é o presidente interino, o senador Tasso Jereissati (CE).

O movimento de Covas Neto causou reações internas. Procurado pelo Estado, o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista, afirmou que Aécio tem o direto de participar de encontros com Temer. “Acho lamentável”, disse Tobias, sobre a nota. “Aécio não foi representar o partido, já que está afastado. Ele não foi condenado, é senador da República”.

O ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, considerou a nota “totalmente fora de propósito”. “Quem fala em nome do PSDB somos todos nós, qualquer coisa diferente disso é censura. Aécio é senador por Minas e se reuniu com o presidente para tratar da Cemig (Companhia Elétrica de Minas Gerais)”, afirmou. O PSDB de Minas também partiu para o ataque. Seu presidente, o deputado Domingos Sávio, disse: “É muita infelicidade o vereador entrar em assunto que desconhece e que é de importância para os mineiros”. Em nota, Sávio sugere que Covas Neto é figura pouco expressiva dentro do partido.

A assessoria de imprensa de Aécio informou que ele tratou da Cemig no encontro com Temer e que o PSDB é responsável pela estabilidade e a recuperação do País. “Quanto às questões do PSDB, essas são discutidas internamente, sem qualquer participação do governo ou do presidente”. No Twitter, Temer disse que não entra em assuntos de outras legendas. “Teorias da conspiração são assunto de quem não tem o que fazer”, afirmou.

 

'Embate'

“Aécio não foi representar o partido, já que está afastado. Ele não foi condenado, é senador da República.”

Pedro Tobias

PRESIDENTE DO PSDB ESTADUAL

 

“A presença de Aécio Neves hoje, em reuniões internas ou públicas, só nos causa desconforto e embaraços.”

Mário Covas Neto

PRESIDENTE DO PSDB MUNICIPAL